sábado, 6 de dezembro de 2025

A confiabilidade da história

Tenho visto muitas postagens na internet criticando ou endeusando personalidades históricas. Nada contra, mas nem tudo é como parece ser, não é como querem nos mostrar ou como nos ensinam através da forma que aprenderam. Muitas vezes, é como dizem, "O buraco é mais embaixo..."

Não sou historiador, devo deixar claro. Mas gosto de história e me incomoda bastante ver o tanto de informação (e desinformação) que é compartilhado diariamente nas redes. Textos sem fontes, citações sem autoria confirmada, fotos atribuídas a figuras públicas mas que na verdade são de outras pessoas...datas trocadas, registros vagos ou inexistentes de muitos fatos mencionados como verdadeiros. Porquê caímos nessa?

A internet facilitou esse tipo de comportamento pois é graças a ela que qualquer um compartilha o quer, se intitula o que não é, e cria o conteúdo que quer. Em partes isso é bom porquê dá a todos a liberdade de expressão, democratiza o acesso a informação e alcança públicos maiores do que seria possível há algumas décadas atrás. Por outro lado, seres totalmente mal intencionados, desinformados ou mesmo especialistas que não verificam a autenticidade de um fato - postam bobagens que são tidas como certas por quem as lê/compartilha. Aí que surge o problema.

Não devemos acreditar em tudo o que vemos. Há muitas mentiras e negacionismo nas redes. Lembro até que ressuscitaram a crença da terra plana em pleno século XXI (para o desgosto dos cientistas da idade média que já sabiam que ela é esférica)...

Estamos regredindo violentamente em termos de cultura, interpretação de texto, senso crítico e discernimento. Eu não digo que toda pessoa que têm o hábito da leitura esteja em vantagem sobre quem não gosta de ler, mas é evidente que estes têm uma propensão menor de acreditarem em tudo que vêem. Também não defendo a infabilidade das enciclopédias, livros didáticos e fontes antigas, mas acredito que seus autores eram mais bem intencionados que muitos influencers de hoje em dia. Seja como for, é incrível que muita gente ainda acredite em mitos que foram desmentidos há séculos, só porquê viram numa determinada página, site, perfil, canal...

Talvez a própria história não seja 100% exata. Nós sempre vemos as coisas em 8 ou 80: sob a ótica das vítimas ou a dos carrascos. Nunca teremos a medida perfeita de nada, pois aumentam fatos ou diminuem, demonizam os "vilões" e erguem monumentos aos "heróis". E qual de nós estava lá para ver se realmente foi assim?

Mas o que eu tenho certeza é que as informações históricas da internet (em especial posts de Instagram, YouTube, Tik Tok, etc) merecem um "filtro" ainda maior, já que muitas vezes não sabemos de onde são tiradas, por quem foram escritas, fontes vagas, imprecisas e ilustrações contraditórias. Um exemplo que eu dou foi quando me deparei com uma frase de Platão em que utilizavam uma imagem do escritor russo Liev Tolstói. Quem não o conhece acharia mesmo que conseguiram tirar uma fotografia do sábio grego ainda na antiguidade...

O que se conclui é: Escute a todos, mas dê ouvidos somente para alguns.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

É vergonha ser peão?

Quando chegamos a uma certa idade é comum ouvirmos a pergunta: "Você trabalha de quê?" Isso quando não nos perguntam se também estamos fazendo uma faculdade. Aliás, muitos ainda acreditam que ter uma faculdade é equivalente a ter um bom emprego. Dizem que o valor de uma pessoa não está no que ela tem e sim no que ela é. É verdade, é bonito afirmar isso. Mas na prática não é bem assim...

Quem nunca foi surpreendido num almoço/reunião de família com essas inconvenientes perguntas? Isto é, é como se a partir do momento em que você completa 18 anos você fosse obrigado a ter um emprego bom ou no mínimo estar estudando para conseguir um. Desconsiderando todo o cenário econômico caótico do nosso Brasil, a geração inflacionária em que vivemos, o pouco valor dos estudos no disputado mercado de trabalho atual, nossos ancestrais estufam o peito pra falar das suas proezas na juventude. Como se as conquistas deles tivessem que ser também as nossas, mesmo que eles sejam de outra época e por tanto, de outros cenários (obviamente mais favoráveis).

Sei que nada vem de graça. Mesmo os herdeiros precisam de disciplina para administrar bem suas finanças e não levarem todo o patrimônio da família a bancarrota. Óbvio. Mas acreditar que os estudos farão milagres num país onde engenheiro é motorista de Uber por não encontrar vagas na sua área de formação, é no mínimo risível. (Nada contra os motoristas de Uber que são muito gentis e conseguem uma boa grana até...).

Ainda que confessar-se desempregado soe sempre pior e mais ultrajante, contar qual é o emprego simples em que está trabalhando também pode chocar. Aí é que vem o clichê: "Você é tão novo, deveria estudar mais... aproveite agora enquanto está jovem." Ora, vocês vão pagar meus estudos? Ou pelo menos pagar as minhas contas pra que eu possa estudar tranquilamente enquanto não me formo?

Antigamente, as famílias olhavam muito a profissão do pretendente das filhas. Todos queriam ver suas moças bem casadas, com um homem que lhes desse segurança. A segurança que o dinheiro pode dar. Médico, advogado, militar, político, ou simplesmente filho de alguém de posses...

Hoje em dia esses preconceitos não mudaram. Só ficaram mais implícitos. Toda vez que alguém olha com espanto quando dizemos que somos faxineiros, repositores, serventes de obras, gari, jardineiro, ou o que seja, é como se o nosso trabalho não fosse digno. Mas quem define o que é digno ou não?

Todo trabalho que dá dinheiro honesto é digno. Se não fosse pela faxineira, o gerente não teria sua sala limpa. E nem sempre é o mérito que faz com que alguém seja gerente e não faxineiro...

O importante é ter dinheiro para pagar as contas, sem roubar ou pedir emprestado. Não dever nada a ninguém e dormir em paz após um dia laboral cansativo. Quem têm oportunidade de estudos, deve aproveitar. Quem não têm, pode correr atrás, mas com a preocupação de tirar o sustento do dia a dia ao mesmo tempo (algo que um "filhinho de papai" não terá, podendo focar só nos estudos). O importante é botar o pão na mesa, e todo trabalho (por mais simplório que seja) que nos ajuda a conseguir isso deve ser valorizado e respeitado. Todo trabalho é digno.

No xadrez, o peão é a peça mais fraca do jogo e a primeira a ser capturada. Na linguagem coloquial, é todo aquele que "não têm profissão", faz o que acha, se vira como pode pra sobreviver e geralmente não possui muitos estudos. Tais pessoas sofrem um preconceito velado por isso. Ninguém fala, mas todos sabem.

Diplomas são bons mas não fazem milagres. E ter um salário alto não adianta nada se não souber administrá-lo. Há pessoas que ganham muito e gastam mais ainda, ficando no vermelho...O que adianta?

Não é vergonha ser um "peão". O importante é ter o seu dinheiro/salário honesto e viver em paz, cuidando da sua vida e deixando que os outros cuidem da nossa.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Não gostar de Coca-Cola

Tenho a tendência de não compartilhar dos mesmos gostos, opiniões, superstições e fobias que a maioria das pessoas. Bem, faz parte da nossa diversidade, poderiam dizer. Claro! E é nisso que está a nossa maior riqueza, no fato de que embora a natureza gere diariamente milhares de indivíduos, ninguém é 100% igual ao outro na sua forma de ver e sentir o mundo, ainda que fisicamente possa haver vários semelhantes.

Mas quando eu digo que me diferencio do padrão é porquê diferencio mesmo. Devo ser um dos poucos na face da terra que não idolatra a marca de refrigerantes Coca-Cola (no seu sabor tradicional). Não compro o discurso de que faz mal a saúde. Pode até fazer, mas não é por isso. É questão de gosto pessoal: não vejo graça. O mesmo ocorre com a cerveja: não tenho a mínima vontade de tomar. É mais fácil eu comprar um todinho e sair tomando como uma criança do que levantar minha lata (ou latão) de cerveja para mostrar a todos o quanto sou adulto...

O sabor da Coca-Cola não me impressiona. É bom, mas não vejo nada demais. Não serei hipócrita de dizer que não tomo durante uma festa ou mesmo em casa se alguém comprar e pôr na geladeira, mas se me derem dinheiro para comprar (e escolher), a escolha sempre será outra. É esse o meu "problema" com a Coca-Cola. Não sei o que há de tão mágico nela. Nunca entendi.

Acontece algo parecido com o sabor de chocolate. Para mim, está longe de ser o melhor de todos. Bebidas lácteas, biscoitos, bolos, doces em geral possuem outros sabores bem melhores. Mas é sempre o chocolate que as pessoas pedem. Procuram... Porquê? 

Eu não sei se é porquê este é o sabor que temos mais contato através de outras pessoas que também gostam (e consequentemente nos influenciam) ou porquê a propaganda seja maior com produtos desse tipo. Talvez o nosso paladar esteja mais acostumado a ele, tão adaptado que sequer se dá ao trabalho de experimentar outros tipos e apreciar sabores exóticos, diferentes e igualmente bons. Alguns até superiores.

Eu não sou contra o que a maioria gosta. Às vezes eu só não aprecio da mesma forma. É bom ser assim. Sim, de verdade. Sou o tipo de cliente que não se importaria ao ir numa mercearia e o vendedor dissesse que não têm Coca-Cola ou um doce do sabor chocolate. Ele me perguntaria: "Não tem problema"? Eu diria simplesmente: "Não." E por dentro eu vibraria com a satisfação de saber que era justamente o que eu estava procurando.

domingo, 12 de outubro de 2025

Personagens existem?

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche disse certa vez que "Temos a arte para não morrer da verdade." O poeta brasileiro Ferreira Gullar disse que temos a arte porquê "só a vida não basta." No nosso imaginário popular existem muitos personagens famosos que ao longo de décadas têm encantado gerações. Um gosto que passa de pai pra filho, de filho pra neto, do neto pro bisneto...

Quem nunca quis ser um super herói? Ter superpoderes, fazer justiça, ou simplesmente conseguir proezas que a nossa limitação não permite? Acredito que todos nós. Pois se para nós, meros mortais, a física, a gravidade não nos permite voar, ficar invisível ou mesmo criar cenários/mundos num toque de mágica, para eles não há essas limitações.

Robert Howard criou "Conan, o bárbaro" no começo do século XX. Suas aventuras eram narradas inicialmente em contos, uma literatura que mesclava fantasia e lutas épicas. Howard morreu em 1.936. Mas anos depois, a Marvel comics conseguiu os direitos sobre o personagem e o consagrou para sempre nos quadrinhos. O homem foi. Mas sua criação ficou. Ainda hoje podemos ler e nos deliciar com as batalhas extraordinárias do cimério na fictícia era hiboriana, lutando contra monstros, feiticeiros, resgatando princesas e conquistando civilizações! Talvez nem o seu próprio autor imaginava que ele teria uma vida tão longa.

Seja Alice visitando o país das Maravilhas e se impressionando com o que viu lá, ou Pedrinho passeando no sítio do Pica -Pau Amarelo, Harry Potter na sua escola de bruxos, Superman sobrevoando Metrópolis ou Batman detendo os criminosos de Gotham City, esses universos fantásticos da ficção exercem fascínio sobre nós, justamente por nos fazerem sonhar com mundos melhores ou realidades alternativas.

Mas...e os personagens, existem? Se considerarmos a existência no sentido literal, concreto do termo, a resposta é óbvia: não.
Não há um país das maravilhas, o sítio do Pica -Pau Amarelo ou Metrópolis, Gotham City. Não existem heróis com superpoderes (ou sem) protegendo os fracos e oprimidos. Existe sim, a Cracolândia, o Monte Everest, o triângulo das bermudas ou Brasília que possuem igualmente o poder de nos surpreender. Mas sem o "glamour" dos mundos fictícios povoados por personagens fabulosos e fascinantes.

Mas se considerarmos que algo ou alguém vive toda vez que é lembrado, mencionado ou mantido em constante movimento (como os personagens de HQs que têm suas séries de revistas continuadas por anos, aparecem em filmes e possuem uma ampla linha de produtos e marketing), então sim, podemos dizer que os personagens existem!

Eles não existem de forma concreta, numa existência palpável de carne e osso com uma vida de curta duração, mas existem em nossos corações, no desejo que temos de voar, ficar invisível ou fazer mágica. Existem no imaginário popular, no mundo da ficção e são "convocados" toda vez que alguém os lê, assiste ou fala deles. Sim, Papai Noel pode não descer na nossa chaminé na noite de Natal para nos presentear, mas ele vive toda vez que é lembrado e celebrado através dos olhos puros de uma criança.

sábado, 11 de outubro de 2025

O fenômeno das mães solteiras

 

É difícil encontrar uma mulher que não tenha filho hoje em dia. Eu mesmo sou casado com uma "mãe solteira". O termo é forte, quase que pejorativo. Antigamente era muito mais. Mas o papa Francisco disse que "Não existe mãe solteira, existe mãe". De certa forma ele está certo, pois ser mãe/pai vai muito além de um estado civil. E seja como for, a minha esposa deixou de ter esse "status" quando se casou comigo. Meu enteado é uma gracinha e gosta de mim, mas isto não vem ao caso.

A pergunta é: porquê tantas mulheres engravidam antes do casamento? Será que não se previnem? Evidentemente, não. Do contrário não engravidariam. Mas é claro que afirmar isso é muito reducionista. Há outros fatores por detrás disso, dessa moderna epidemia ou novo modelo familiar, como queiram chamar.

A grande maioria dos homens quer apenas sexo. Elas sabem disso. Mesmo assim ficam. Namoram. Transam...se entregam sem pensar nas consequências. Ou pensam? Não sabemos ao certo. Mas elas também têm libido, e embora o desejo sexual do homens seja mais forte (pelo menos é o que todos pensam), elas também sentem vontade e prazer, e claro que esperar até o casamento para ter relações sexuais é muito difícil. Tanto para o homem quanto para a mulher.

Sabendo da dependência emocional de suas parceiras, muitos homens se aproveitam dessa situação e as forçam a ter sexo com eles. Chantageiam. Ameaçam trair ou até terminar. Pressionadas, elas cedem. Algumas simplesmente acreditam que estão fazendo a coisa certa, e dão esse voto de confiança. Muitos prometem o que não vão cumprir, outras acham inclusive que um filho pode "segurar" o homem ou que ele vai assumir a criança depois. O que na maioria das vezes não ocorre.

Antigamente as mulheres casavam-se virgens. Hoje isso praticamente não existe. Revolução sexual, feminismo, direitos iguais?  O que quer que tenha acontecido fez com que a mulher atual não perceba o seu grande valor, e, ao entregar-se para cafajestes, cometa um erro de consequências para vida inteira: ter que criar um filho(a) sem pai.

A presença paterna faz falta. Impõe respeito. Dá equilíbrio. Ajuda a manter a ordem. As mães solo são pai e mãe de seus filhos, mesmo quando o genitor paga a pensão em dia, quem cria/educa é que fica com a carga mais pesada. E pai é quem faz! A genética está aí pra comprovar. Um padrasto  pode sim cuidar bem do enteado e até amá-lo, mas os genes que correm nas veias do menino são do pai biológico, independente de onde ele está e como vive. É um pai ausente? Sim! Mas ainda assim, pai.

No nosso país tão sexualizado e carente de valores cristãos reais (confessamos uma fé que não praticamos), com nossas adolescentes expostas desde cedo a "predadores sexuais", namoradinhos (não têm idade nem maturidade suficiente para namorar e querem fazer isso), e até mesmo com o sexo sendo algo tão bom e necessário ao corpo humano (ainda que não tão vital como água, ar, etc), bem, é compreensível que isso aconteça. Mas a maternidade precoce custa caro. O preço é um filho sem pai. Uma mãe cuidando sozinha de tudo. O risco é um padrasto pedófilo infiltrado na casa. Ou um padrasto mau judiando do filho da companheira só porquê "não é seu filho". 

Não há como frear esse problema. Já se enraizou e tornou-se cada vez mais comum. Mas o fenômeno das mães solteiras é um problema da nossa sociedade atual, onde o sexo feito sem responsabilidade (usem camisinha, por favor!), traz consequências pro resto da vida, como ter que criar e cuidar de uma pessoa que nasceu sem ter sido planejada, fora da segurança de um casamento e que crescerá sem os cuidados de um pai. Não se trata de reputação. Se trata de um buraco que o filho(a) carregará. Um simples descuido! E um filho que não foi desejado que precisará ser cuidado com o mesmo amor e carinho que têm os que foram desejados. 

A sabedoria popular já diz: "É melhor prevenir do que remediar."

quarta-feira, 18 de junho de 2025

A solidão de Majin Boo

Há um entre os vários e bons personagens do anime Dragon Ball Z que sempre me chamou atenção. Gordo, engraçado porém extremamente perigoso: Majin Boo. Apesar de ele assumir várias formas diferentes ao longo da saga que leva o seu nome (o último arco do anime), é a sua primeira forma que mais me intriga e merece ser analisada.

Despertado pelo mago Babidi, filho de Bibidi, Majin Boo é um demônio milenar que foi aprisionado pelos senhores Kaioh há séculos, para que não fizesse mal a ninguém. Quando o mago Babidi finalmente consegue despertá-lo, é nessa forma cômica que ele aparece, pois era a última em que ele se encontrava antes de ficar preso num ovo gigante.

Majin Boo é um personagem interessante por várias razões. A primeira, é sua aparência: como um gorducho divertido que só pensa em comer chocolate pode oferecer perigo? Não parece ser possível. Segundo: seus poderes. Ele é extremamente forte, e ainda pode se regenerar, isto é, ele é capaz de sobreviver caso uma única célula sua esteja intacta (ele pode ter o seu corpo reconstruído quantas vezes for necessário). Terceiro: sua personalidade infantil. Tal como uma criança pequena, ele não aceita ser contrariado e se torna agressivo quando alguém ousa desafiá-lo. E é nisso que está o segredo.

Majin Boo foi criado como um ser maligno. E ele se comporta como tal. Mas por ter absorvido no passado um supremo senhor Kaioh que era comilão e dócil, ele têm um pouco dessas características ao ser revivido no começo do arco. Porém, ele é manipulado pelo mago Babidi que quer usá-lo como uma arma de destruição para dominar o universo. Devido a isso, Boo faz tudo o que seu amo manda numa obediência cega.

Isto porém muda quando ele conhece Mr Satan. Mr Satan tinha ido até sua casa justamente para matá-lo (o que obviamente não ocorreu), Boo simpatizou com ele e o convidou pra ser o seu servo (Satan, mais por medo do que por vontade, aceitou). Criando uma coragem rara, ele pergunta a Majin Boo porque ele matava as pessoas, e Boo o responde que fazia isso porquê "achava divertido" e porque foi o que o mago Babidi lhe ensinou. Satan explica que isso não é bom, que é algo mau e que causa dor a inocentes, e mesmo sem entender bem, Boo promete que não voltará a matar pessoas, em respeito a Satan.

Outro momento que tocou muito o monstro foi quando conheceu um menino cego. Boo já estava pronto para destruí-lo, mas se surpreendeu ao perceber que o menino não se assustava com ele como as demais pessoas. Pouco depois, Boo descobre que ele era cego e então decide curá-lo. O menino fica muito feliz e conversa com ele tranquilamente, sem saber que estava diante de um ser malévolo e temido por todos...

O "fim" do Majin Boo gordo se dá quando, após ter seu cachorrinho de estimação assassinado por um psicopata que estava se aproveitando do caos provocado por Boo para matar e ficar impune, Boo têm seu lado completamente mau despertado e luta com ele. Seu lado mau que é um outro Majin Boo magro e cinza que sai da sua cabeça, vence a luta e absorve o Majin Boo gordo, transformando-o em chocolate. É nesse momento que começam as melhores lutas da fase final do anime.

Mas o que vemos aqui é digno de ponderação. Majin Boo começou a se regenerar quando conheceu Mr Satan, se comoveu com o menino cego e se afeiçoou ao cãozinho que encontrou perdido. Mas seu lado mau, toda sua fúria despertaram ao ver seu cão morto covardemente por um assassino. Majin Boo nos ensina algumas lições:
Que nem todos são maus por natureza, alguns o podem ser por causa da "educação" que tiveram. Ele não tinha noção de que o que fazia era errado, e por isso o fazia.

Quando alguém recebe um tratamento digno, pode ter sua maldade "desarmada". Muitas vezes, as pessoas ficam na defensiva, porque já tiveram muitas experiências ruins ao longo da vida e de maneira inconsciente podem pensar que todos estão contra ela, não confiar em ninguém e de antemão se preparam para atacar, crendo se defender. 

Majin Boo gordo lutou contra o seu lado mau, mas não prevaleceu . Mas o simples ato de lutar contra, demonstra o desejo de mudança, tal como ocorre conosco quando nos esforçamos para não fazer algo que sabemos que é ruim mas que temos um forte desejo de fazer...

Não vou entrar no mérito da questão sobre o quê acontece com o personagem ao longo da saga, pois como já dito, ele passa por várias transformações até ter o seu desfecho, digamos assim.

O Majin Boo gordo é um dos personagens mais solitários e incompreendidos de todo o anime. Ele é uma criança perigosa e superpoderosa que ao ser manipulado por seres maldosos que querem conquistar seus objetivos através dele, ele se torna um verdadeiro demônio. A solidão de Majin Boo é a solidão de todos aqueles que um dia foram rejeitados, mal educados, cresceram traumatizados e que agora são vistos como monstros pela sociedade em que estão inseridos. 

Sua solidão é a resposta para a incompreensão dele, ou melhor, é a resposta da incompreensão dos outros sobre ele. Sua regeneração é sua humanização e a prova de que todos podem mudar, caso alguém acredite neles e ofereça um mínimo de carinho. O desprezo só isola, o isolamento só gera revolta, e a revolta, destruição.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Angélica aparição

Foges de mim como uma miragem!
Ainda hei de encontrar-te, 
e então tocar-te,
amar-te nessa deserta paisagem...

Ó bela, por que sais?
Por que somes, desapareces, de mim corres, pra onde vais?

Vem, volta e me socorre.
Quero ver-te mais uma vez,
ter-te em minha altivez.

Nessa ilha vou te achar, não fujas, 
és minha, ainda hei de te encontrar...