sábado, 15 de maio de 2021

Autodescrição

Caminho, sem saber o meu caminho, 
cercado de gente
mas sempre sozinho, 
homem feito (com mil defeitos) que nada espera e tudo sente. 

Atento ao meio, por vezes descontente, 
mergulhado em fantasia 
mas da realidade sapiente. 
Vivo com receio, 
sem nenhum grande anseio, afundado em nostalgia. 

Desiludido consciente, 
cansado até não poder mais. 
Muitas vezes calado, aéreo, alheio ao ambiente, 
um estranho entre os iguais. 

Vivido e também inexperiente, em algumas coisas sabido, noutras inocente. 
Nem herói, nem vilão, nem delinquente, só um rapaz, um lutador. 

Na escola do desgosto me formei, no ofício da amargura me tornei doutor. 
Tardio para o amor, precoce para a dor,  
quem eu sou não sei, 
mas se com ternura me perguntarem então direi:
apenas um jovem vazio, 
um poeta sofredor.