quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Uma grande lição que aprendemos de nosso Pai Abraão

O Faraó do Egito (Gênesis 12:10-20)

1. Abraão e sua esposa Sara descem ao Egito, porque uma grande fome havia se instalado em Canaã (Gn 12:10).

2. Abraão pede a sua esposa Sara que diga aos egípcios que ela era sua irmã (o que era verdade, como veremos mais adiante), porque temia que os egípcios o matassem se dissesse que era sua esposa, já que Sara era muito bonita e desejável, sexualmente falando (vs 11-13).

3. Quando Abraão e Sara chegaram ao Egito, os egípcios e os príncipes viram a formosura de Sara, e então a tiraram de Abraão e a levaram à casa de Faraó, para que a fizesse sua esposa (v.15).

4. Como recompensa, Abraão recebeu do Faraó muitos presentes (v.16).

5. Então Javé feriu à Faraó e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sara (v.17).

6. O Faraó chamou então à Abraão, e lhe reprovou o porque lhe ocultou que Sara era sua esposa, o que significa que Sara deve ter dito que ela era esposa de Abraão (v 18-19).

7. Então o faraó, nobremente, entregou Sara à seu esposo Abraão, e lhe disse que fosse embora do Egito (v.20).

Conclusão: Abraão agiu de forma covarde, somente para salvar sua pele, mas não mentiu quando disse que Sara era sua irmã, como veremos mais adiante. Apesar disso, por ocultar aos egípcios que Sara era também sua esposa, os príncipes de Egito lhe tiraram a sua esposa, para a darem à faraó. Se Abraão tivesse dito toda a verdade, e não só uma parte da verdade, então os egípcios teriam respeitado a sua esposa Sara, e não a teriam levado a casa do faraó para que se deitasse com ela. Observem que Abraão jamais entregou sua esposa a faraó, porque o versículo 15 diz bem claro que foram os príncipes do Egito os que tiraram a Sara e a levaram à casa do faraó, para que a tomasse por esposa, e isto, sem nenhuma dúvida, foi uma tragédia para Abraão, o qual amava Sara. Mas acontence que foi ela, Sara, quem disse então a verdade à faraó, dizendo-lhe que era esposa de Abraão, e como resultado de tudo isto foram ambos expulsos do Egito. Aprendizado: ir com a toda a verdade adiante, mesmo que pareça que este ocultamento de parte da verdade nos salvará a vida, é sempre um pecado e um erro, sempre temos que dizer toda a verdade e não meias verdades, custe o que custar!

. O Rei Abimeleque (Gênesis 20:1-18)

1- Abraão (Deus lhe mudou o nome, Gn 17:5-6) acampou como forasteiro no país de Gerar (v.1).

2- Então Abraão, mais uma vez, ocultou parte da verdade, para salvar sua pele, e disse ao rei de Gerar, Abimeleque, que Sara era sua irmã, então Abimeleque levou a Sara para sua casa, para fazê-la sua esposa (v.2). Até podemos imaginar a cara de estúpido que fez Abraão quando lhe tiraram de novo sua amada esposa uns pagãos, tropeçando Abraão outra vez na mesma pedra. Está claro que Abraão não aprendeu a lição que teve no Egito, senão que utilizou a mesma tática de ocultar a verdade, em lugar de dizer toda a verdade aos pagãos.

3- Deus então mostrou à Abimeleque em sonhos que Sara estava casada com Abraão, e que isto iria custar a vida ao próprio Abimeleque. Esta ameaça de morte por parte de Deus deixou Abimeleque aterrorizado (v.3).

4- Então Abimeleque teve em sonhos um diálogo com Deus, e disse à Deus que ele era inocente, porque Abraão lhe disse que Sara era sua irmã (v 4-5).

5- A resposta de Deus foi muito misericordiosa para Abimeleque. O Senhor compreendeu que Abimeleque agiu com integridade de coração e sem malícia, e foi Deus quem impediu que Abimeleque tivesse sexo com Sara (v.6).

6- Então Deus disse à Abimeleque que devolvesse Sara à seu legítimo esposo: Abraão, e Abraão oraria por Abimeleque para que ele vivesse (v6).

7- Pela manhã bem cedo, Abimeleque levantou-se e contou este sonho a todos seus servos, o que lhes produziu muito medo (v.8).

8- Então o rei Abimeleque chamou à Abraão, e lhe deu uma grande repreensão, dizendo-lhe que fez errado ao ocultar que Sara era sua esposa (v.9-10). Que vergonha para Abraão, um rei pagão que não conhecia à Javé reprovando ao santo Abraão por ter ocultado toda a verdade...Incrível! Até podemos imaginar Abraão com a cabeça baixa e vermelho como um tomate de vergonha!

9- Abimeleque perguntou à Abraão o que ele pensava quando ocultou que Sara era sua esposa, e a resposta de Abraão foi que ele cria que nessa terra não havia temor de Deus, e que lhe matariam se dissesse a verdade de que Sara era sua esposa (v.11). Como podemos ver, o que Abraão fez foi julgar erroneamente à estes pagãos, já que eles também temiam à Deus, pois a consciência de cada ser humano nos diz o que está bem, e o que está mal, e isto é algo que Abraão não chegou a compreender quando ocultou que Sara era sua esposa.

10- Em seguida Abraão disse a verdade ante o rei Abimeleque: que Sara também era sua irmã, pois era filha de seu pai, não da sua mãe, o que significa que Abraão não mentia quando dizia que Sara era sua irmã, simplesmente o que fez foi ocultar que também era sua esposa, para salvar sua vida. Portanto, é um erro grosseiro dizer que Abraão mentia quando dizia que Sara era sua irmã (vs 12-13).

11- Observamos agora qual foi a reação do rei pagão Abimeleque. Ao ouvir toda a verdade de Abraão, então o rei lhe recompensou com ovelhas, vacas, servos e servas, e além disso lhe devolveu sua esposa Sara, e não só isso, lhe disse que podia habitar onde quisesse dentro do seu reino (vs 14-15). Está claro que este rei pagão conhecia a Deus e amava a verdade, e por isso é que recompensou Abraão de forma tão generosa.

12- O rei Abimeleque também presenteou Abraão com mil moedas de prata (uma fortuna bem grande nesta época), e então Abraão orou à Deus, e Javé curou das enfermidades à Abimeleque, sua mulher e suas servas, e tiveram filhos (vs 16-17).

Consequentemente, Abraão nunca entregou sua esposa Sara à faraó nem à Abimeleque, ele não era tão estúpido para entregar a sua belíssima esposa Sara à reis pagãos, simplesmente estes reis a tomaram de Abraão por ocultar toda a verdade, e não dizer que, além de sua meia-irmã, também era sua esposa. Abraão teria evitado todos estes desgostos se desde o princípio tivesse dito toda a verdade. Contudo, Deus, em sua sabedoria infinita, permitiu que Abraão escondesse toda a verdade a respeito de sua esposa Sara, para ensinar no final uma grande lição: que sempre tem que dizer ao mundo toda a verdade, sem ocultar nada, custe o que custar, já que ocultar toda a verdade pode nos trazer consequências muito dolorosas e indesejáveis.

("Una gran lección que aprendemos de nuestro Padre Abraham", de Tito Martínez de Espanha).

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O golpe de estado que virou feriado

Hoje é feriado da "proclamação da república". É comemorado no país uma data que deveria ser esquecida, apagada da memória de nossa gente, o dia da traição, de um levante, um vergonhoso motim que a história vêm provando que nada de bom trouxe. Foi nesse dia que um velho e honesto imperador, patriota, que tanto amou o seu país e fez bem à ele, foi expulso de sua pátria vergonhosamente, como um criminoso e malfeitor qualquer. Os mercenários que tomaram o poder fizeram tudo secretamente, sem a participação e o apoio popular, fundando assim uma ilegítima e corrupta república, que nada de bom fez por este país.

O império do Brasil foi o primeiro e legítimo governo brasileiro, fruto do desejo da maioria, que via na monarquia uma forma de unificar o país e impedir que caísse nas sanguinárias disputas de poder, revoltas e ditaduras tão comuns  nos países da América espanhola. D. Pedro I foi reconhecido como imperador do Brasil, o novo monarca do país independente. O Brasil, na contra-mão de seus vizinhos hispânicos, manteria sua tradição monárquica, adotando a monarquia constitucional parlamentar, uma forma de governo não muito antiga e altamente democrática.

D. Pedro I unificou o país, promulgou a primeira constituição, de 1.824, que ainda que não fosse perfeita, era bastante satisfatória para os padrões da época. Reprimiu revoltas, não permitiu que uma terra tão extensa e único Brasil se dividisse. Devido à muitos problemas que enfrentava, abdicou do trono, deixando para seu filho e herdeiro a missão de governar um grande país, jovem mas com um futuro promissor.

O reinado de D. Pedro II foram os melhores anos para o Brasil. Ainda que nem tudo fosse perfeito e por mais que desejasse o imperador não pudesse abolir a escravidão, D. Pedro II procurou fazer um governo democrático, respeitando o povo, o parlamento e todos os cidadãos. D. Pedro II elevou o Brasil a quarta maior economia do mundo, a segunda e mais forte marinha de guerra, fez do Brasil um país respeitado internacionalmente, uma força diplomática, o único império das Américas que sobrevivia era reconhecido como uma grande democracia e potência sul-americana e regional. O Brasil crescia a cada ano, seu desenvolvimento era rápido como o trem, o que possivelmente ficou refletido no fato de ser um dos primeiros países a construir centenas de quilômetros de linhas ferroviárias naquele tempo; também foi um dos primeiros países a ter instalação de telefone, eletricidade, gás e demais tecnologias. D. Pedro II era respeitado por todos, brasileiros e estrangeiros, como um homem simples, honesto e ao mesmo tempo culto, amante das ciências, das artes e da educação.

O estopim para a explosão da bomba foi a abolição da escravidão. Sim, por incrível que pareça, não foram os republicanos responsáveis pela libertação dos escravos, e sim a liberdade deles um dos fatores que contribuiu para que oportunamente chegassem no poder. Quando a princesa Isabel assinou a abolição da escravatura, ainda que tenha feito justiça e libertado milhares de inocentes que sofriam, contudo, provocou a ira e a indignação de poderosos barões do café e da elite que se sentiram traídos pelo império. Muitos destes que não apoiavam o inexpressivo movimento republicano da época, o apoiaram depois da abolição, ajudando a impulsionar o golpe que ocorreria um pouco depois.

Os militares viram neste cenário o momento ideal para agir. Com a elite cafeeira a seu lado, e a crescente influência positivista e republicana no exército, era questão de tempo para executarem o golpe, que mudou definitivamente os rumos do país. D. Pedro II recebeu a carta do comunicado de seu exílio das mãos de um dos oficiais de Deodoro. O primeiro presidente do Brasil, que havia sido marechal e amigo do imperador, o traía covardemente, assim como os militares que nenhuma razão tinham para apoiar esta infâmia. D. Pedro II e sua família foram exilados para a França, país onde o Imperador que governou por 49 anos seu país veio a morrer dois anos depois, em 1.891, traído, injustiçado, porém recebendo as honras fúnebres devidas ao grande monarca que foi.

O Brasil experimentou sob o regime republicano a primeira ditadura militar da sua história. Os desajustes do novo governo culminaram em crise econômica, pressão para a renúncia do presidente, pequenos levantes e censura total a imprensa, que no período do Império gozou de total liberdade. Muitos opositores ao novos governo foram duramente perseguidos, presos, exilados ou mortos. Destruindo um país, seus anos de progresso e futuro brilhante, censurando a imprensa e perseguindo a oposição, assim se consolidou a ilegítima república brasileira, tomando definitivamente o lugar do legítimo império do Brasil.

Hoje a situação não é muita coisa melhor. O Brasil enfrenta uma de suas maiores crises econômicas, desemprego, corriqueiros escândalos de corrupção, violência alta, desigualdade social e até mesmo um crescente sentimento de anti-patriotismo natural da população. Podemos afirmar que a república no Brasil deu certo? Podemos dizer que este governo ilegítimo, golpista, que não contou com o apoio e participação popular, fez algo de bom para o país? Alguns republicanos chamam atenção para o fato que as taxas de analfabetismo eram muito altas durante o império. Porém, décadas após a república a situação não mudou em nada, ainda que haja muitos alfabetizados, muitos contudo não sabem sequer ler e interpretar um texto. Assim, citar os problemas do império e dizer que a república tinha que vir para corrigí-los, é uma grande piada! Todos estes problemas seriam resolvidos no reinado da princesa Isabel, que tinha planos e projetos para o futuro da nação. O Brasil simplesmente estava nos trilhos do sucesso, mas descarrilou tristemente, não o encontrando novamente até hoje.

Com tudo isso, não é de se estranhar o fato de que haja quem queira a volta da monarquia no Brasil. Esta data de hoje é perfeita para a reflexão dos contrastes do Brasil imperial com o republicano. Que o nosso povo possa entender o que de fato ocorreu naquele fatídico 15 de novembro de 1.889, o golpe de estado que virou feriado, e que lamentavelmente continua ecoando suas consequências até nossos dias. Ave glória, Ave Império!