sexta-feira, 10 de novembro de 2023

O canto do cisne

Diz a lenda que quando o cisne está pra morrer, ele canta. 
Aquele que em toda sua vida fora mudo, se põe a gemer, diante da morte que se levanta.

Seu canto é misterioso,
seria um lamento,
ou quem sabe talvez , 
neste momento o triunfo de quem ante o inimigo sai vitorioso?

Frente ao desconhecido, de nada vale tremer.
É nobre de peito erguido tombar, e entoando sons perecer!

Formosa ave, morre com o encanto que vive. 
Não sabendo o que lhe espera, canta, riso ou pranto, a vida que em seu canto revive!

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Metamorfose negra da alma

Floresce como uma flor,
sutil e secretamente.
Crescendo aos poucos o horror
nos mais profundos 
recônditos da mente.

Sentimentos, planos, sonhos
daí são oriundos.
Até mesmo os mais tortos 
navegam por esses portos e como são fecundos! 

Para que saiam da teoria 
e se tornem realidade
há todo um processo,
uma agonia, 
que não sei se é avanço
ou regresso.

A essência do bem e do mal habita em nós. 
Pode o mais belo cristal cortar, e a vítima tornar-se algoz.

Quantos desejos de vingança já não sentiu
quem injustiçado se viu,
inclusive a pura criança?

Quem nunca desejou 
e para ninguém contou,
que algo ocorresse 
à quem lhe provocou,
que o infrator morresse,
e a fortuna vingasse o ofendido,
levando quem o insultou?

É nesse vale escondido 
que reside todo o complexo, o ódio,
o desejo reprimido,
reflexo do que é
e ainda não se tornou. 

Tirai pois o véu 
e vede o que debaixo se esconde! 
Como é escuro, amargo mel,
livrai-vos das amarras e vede como o instinto responde!

Perdem-se os jovens em orgias, 
devoram-se vorazmente
ao som de estranhas melodias,
entregam-se ao deleite
e deleitam-se somente.

Aquela moça pura
já não têm ternura,
é agora uma senhora 
que só quer revanche, 
sem demora, só espera 
por uma chance. 

Num solitário abismo 
debate-se o seminarista 
contra nocivos pensamentos,
cruéis tormentos,
brotam-lhe raízes de um sólido ateísmo. 

Aquele que um dia orava a Deus, dirige-se a Satã.
Quem de noite lutava pelo bem dos seus,
agora os descarta e vende pela manhã!

O menino que não fazia mal à uma mosca,
hoje esconde os cadáveres que produziu,
admirando-os sob uma luz fosca. 

Que foi feito daquela que tanto sorria,
e há muito pela última vez sorriu? 
Onde está o brilho no olhar que iluminava a quem via,
e ninguém mais viu?

É tudo isso o mais sombrio processo de involução. 
Quando não bate mais,
dão ao morto uma pedra e lhe roubam o coração! 

Vede amigos, quão tênue é a linha que separa o bom do mau, como cresce a erva daninha,
e que pequena é a palma 
que leva à metamorfose negra da alma! 

domingo, 1 de outubro de 2023

Vilarejo fantasma

O vento que assopra nestas pradarias
trazem choros, 
vozes de outra vida
clamando em coro,
sussurrando lentas agonias.

É tão doce a calmaria
que se sente nesta mata, 
ver o fim do dia,
quando uma imensa saudade
nos corrói e arrebata. 

Lá no fundo há uma cidade 
escondida entre as montanhas. 
Congelada no tempo,
habitada por ninguém 
e cheia de ruas estranhas.

Outrora haviam casas,
casebres e casarões...
Escravos pisavam em brasas,
muitos gritos se ouviam ao capricho das sinhás 
e ao mando dos barões. 

Andar por essas vilas 
é sonhar o que alguém sonhou...
Ouro e riquezas 
misturados à dor e tristeza,
banhado no sangue 
que algum negro ou índio lavou...

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Pesadelos reais

Ela descobriu o segredo, 
atravessou o portal,
agora está só 
com o seu medo,
lutando uma luta abismal. 

Há tempos teve uma visão e não quis acreditar, 
mas grande era a sua paixão pelo saber e aqui ela veio parar.

Atravessou o espelho
e pelas sombras se deixou levar.
Viu um olho vermelho
num jogo de luzes, silhuetas a dançar. 

Tudo era estranho ali,
a árvore gigante,
um diamante enorme,
seres de 
tamanho disforme, 
uma nuvem a lhe sorrir.

Ela queria saber onde estava,
constantemente se beliscava.

Ela ainda não descobriu,
isso foi tudo o que ouviu:
"Menina, você não está no mundo dos sonhos,
de arco-íris, duendes e castelos,
aqui há monstros medonhos, 
e príncipes nada belos,
não perca sua luz, 
não renuncie seus ideais,
mas saiba, seus pesadelos são reais!"

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Vertigem

Palidez. Repentino calor.
Por sua vez, percorre-me 
o corpo não sei que sensação, enfraqueço,
mas não sinto dor. 

Tomba aos poucos minha mão.
Como quem desaba de um topo,
sinto-me arrastado ao chão...

Escurece-me a vista,
já tenho uma pista do que pode ocorrer...

Em vão tento gritar,
perco a voz, 
já nada ouço,
sinto que vou desmaiar!

domingo, 3 de setembro de 2023

Gótico

Negras cores,
pálido rosto.
Como que expondo crenças interiores,
ou afirmando 
um íntimo desgosto. 

Talvez somente 
o desejo de ser diferente. 
Cruzes, caveiras, 
anéis, cordões, 
adornam peças inteiras
que elegantes ostentam pelos salões. 

Amigos da tristeza, 
filhos da melancolia,
até delas extraem beleza.
Amantes da noite,
do rock, das artes, da poesia. 

Misteriosos e cultos,
andam sós no meio de nós, mas se reúnem todos, poderosos em seus redutos.

Celebrar a morte 
é afirmar a vida.
Nada melhor do que a própria dor 
para curar uma ferida!
Abraçar a solidão, 
escarnecer de seus medos,
retratar a escuridão,
confessar seus segredos,
diante de monstros reais e medonhos, 
refugiar-se na imaginação, 
nutrir-se de sonhos.

Como é bela e exótica 
a fascinante cultura gótica!

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Báthory


Nascida na aristocracia,
no seio da realeza criada,
sua vida foi a mais negra elegia jamais contada.

Perversa, não tinha freios,
para saciar seus desejos 
valia-se de todos os meios,
agarrava todos os ensejos.

Deleitava-se em fazer sofrer,
sádica, não tinha pena de suas iguais, 
constituídas do mesmo ser.

Mais sangue, ela quer mais!
Para satisfazer seus caprichos dementes, 
banha-se a condessa no sangue das virgens inocentes! 

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Desídia

Eu estive andando por aí,
procurando respostas.
Não as encontrei,
eu sei, a paixão e o ardor
pela vida deram-me as costas.

Consultei cartomantes,
fiz promessas.
Tudo continuou como antes,
permaneceram imóveis as peças.

Peças deste quebra-cabeça que alguém inventou.
Sou eu um personagem vivo
de um livro já escrito
ou um sonho (pesadelo) que alguém sonhou?

Aflora o desalento,
findam-se os anseios juvenis.
Maior é o questionamento
e o desejo de voltar às crenças infantis!

Experimento o desconforto
de ser e de estar.
Que anjo torto é esse que me persegue e não me quer abandonar?

Nas fumaças das chaminés,
no brado das ralés,
nas traças da nostalgia,
nas tragédias de cada dia
a vida se esvai...
Assassina, tirana
que para nutrir-se
necessita sempre de um ai!

Contemplo a tudo perplexo,
tudo faço sem emoção.
Quanto mais penso, não vejo nexo, a vida é uma eterna repetição.

Fiz hoje o mesmo que ontem,
e amanhã o farei novamente.
Quem haverá que minhas lágrimas conte ou as enxugue somente?

Persegui teorias,
li várias fontes.
Inúmeras ideologias,
mas as mesmas bases,
as mesmas pontes...

Todos dizem saber
e ninguém sabe.
A verdade, seja ela qual for,
só a Deus cabe.

Cansei de tentar entender o que não pode ser explicado.
Quero apenas sentir
o que tiver que sentir,
chorar ou sorrir...
Pois a razão me sussurra:
"Não viver, eis o grande pecado!"

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Praça Santa Maria

Quando, em tardes amenas
começo a deambular,
há sempre um lugar que vou,
ver as árvores serenas
e na verde grama pisar.

Um caminhante sou,
apreciador de singular beleza.
Quis o acaso ou um nobre engenheiro, pôr lado a lado
cidade e mato,
paisagem urbana e natureza.

Quando lá estou, mudo por inteiro.
Por tal visão sou grato.
Quieto e mudo, à outra realidade me transporto,
esqueço-me de tudo.

Como é linda a fonte de água limpa a jorrar!
Como é bela a ponte que cruza o córrego, como é bonito ver
o vento as folhas do arvoredo 
do pequeno bosque balançar!

Nunca pensei que houvesse
um oásis no deserto
que minh' alma pudesse tocar
e sentir tão perto...

domingo, 19 de março de 2023

Homo Sapiens

Bípede sem asas que podes voar,
feroz predador, entre as presas, reinas, 
mas careces de certezas e buscas um lar.

Não sabes quem és 
nem de onde vens, 
contra ti reunidas 
estão todas as forças da natureza,
insaciáveis desejos 
é tudo o que tens! 

Sobre ti recaem todas as desgraças e males cabíveis! 
Em ti todas as aberrações são possíveis! 
Barro soberbo em forma humana encarnada, 
és o centro da história, 
da mais estranha das ficções jamais criada!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Eternália

Encontrava-se deitado,
em seu leito amortecido,
o corpo reclinado
de dores abatido,
o coração entenebrecido. 

Sentiu-lhe percorrer um estupor mortal
que lhe gelou inteiramente. 
Era chegado o momento fatal - pensou,
e nada restava a fazer senão rezar com fé somente.

Eram as três da tarde, 
nessas horas suspensas e mortas, 
de preguiça o ar se invade. 
Horas extensas, como gigantes hortas.
{O tempo é uma planta carnívora que devora todo ser vivente}.

O pobre homem nada entendia e estando já demente,
viu-se flutuando - para onde não sabia - foi sendo levado para um lugar assombroso,
deveras tenebroso,
guiado apenas por uma voz que tudo lhe dizia.

"Estás aqui e daqui não sairás enquanto não vires tudo o que vou te mostrar,
não te assustes, de medo não morrerás, tu és forte, sei que vais suportar."

Ele virou-se assustado para ver quem lhe falava,
e nada viu.
Tentou correr, desesperado, mas não conseguiu. Onde estava?
A voz nada mais lhe disse, e um repentino clarão surgiu.

Era um fogo diferente, pois queimava e não era quente.
Quando dele se aproximava, calor não sentia, mas sua pele ardia e só bem depois dóia.

Em meios as chamas crepitantes, o homem ouviu gritos profundos, dilacerantes. 
Eram oriundos de escombros,
indefesos seres cheios de assombros esperavam o resgate que não chegava,
enquanto a sede e a fome cresciam 
e o desespero só aumentava. 

"O que pode ter provocado tamanha calamidade?", indagou. 
"Isto não é fruto de humana maldade, são pessoas que um terremoto soterrou".

A voz lhe respondeu, e em seguida na chama outro evento lhe mostrou: 
Soldados feridos em combate, agozinando. 
Sem ter quem os ajude,
esquecidos,
sem que a sorte mude 
ou a dor de vez os mate.

Alguns estavam mutilados, de outros ao pisar em uma mina, voaram pedaços por todos os lados. 
Jovens, belos e fortes pela morte foram levados, 
e só restaram capacetes sobre os crânios, 
esqueletos fardados!

Da cruel e tirana guerra se encheu de sangue o solo,
se embebedou a terra.
Pedia o filho à mãe colo,
quando sua casa viu ser invadida,
seu pai fora morto,
e sua mãe, como um troféu entre a tropa, 
fora repartida. 

O menino foi levado prisioneiro 
por vis homens armados,
obrigado a trabalhos forçados em território estrangeiro.

Nos mais cinzentos porões jazem amordaçadas pobres mulheres cativas, 
raptadas por cães.
Presas, em vão tentam fugir,
são ameaçadas, e o grito de socorro, abafado, ninguém consegue ouvir.

As cenas vão se passando, sucedem-se rapidamente, ele vai a tudo olhando,
pálido, de si próprio descrente.

Um homem aborda uma criança, lhe oferece doces, ela feliz aceita. 
Como é sórdido brincar com a esperança de um ser para depois descartá-lo!
É esta dos maus a receita.

Agora é tarde, para o mal já foi aberta a porta. 
Os familiares procuram a menina, 
até que o pior vem à tona:
Deixaram-na nua em um matagal, 
a criança é achada morta.

Com esta visão o homem vai a lona, é grande o mal,
não pode crer que seja verdade tamanha maldade, e à voz chega a dizer:
"Basta já, me cansei de tanta crueldade!"

Seu olhar uma lágrima esconde.
A voz nada responde.
O fogo segue crepitando, 
e as visões se formando. 

No meio de uma ilha deserta vê um homem indigente, 
fartando-se ávidamente. 
O pobre luta contra a morte certa, 
devorando o resto de seus companheiros, comendo carne de gente!

Era um imponente navio, 
havia muitos passageiros. 
Naufragou após uma tempestade,
na fúria do mar bravio,
só um sobreviveu - que fatalidade!
E para não sucumbir à fome insana,
sacia-se com seus iguais,
come carne humana!

Outro caso curioso, 
mas não menos digno da pena de um coração piedoso,
ocorreu em terra firme.
Uma doméstica situação, 
um fim pavoroso 
de um elaborado crime.

Andava Sebastião suspeitoso de que por sua esposa era traído. 
Contratou um detetive,
e após muito investigar, 
descobriu que seu temor era devido.
Buscou ocasião para ela e o amante flagrar,
não ia passar batido. 

O flagrante ocorreu, e ele furioso nos dois atirou.
O amante se feriu, 
sua mulher morreu, 
a polícia Sebastião prendeu, e o infeliz, com remorsos ficou.

Traição - esta maldita é antiga. 
Irmã da ambição, anda junto com a mentira
e é mãe da intriga. 
Por causa dela, o amor ódio vira,
o amigo em inimigo se transforma,
a pureza corrói 
e toda beleza deforma.

Oh! Incontáveis séculos de miséria e dor, cantando a morte exangue a sua melodia profana.
A história humana é escrita com lágrimas e sangue. 

Não há glória em construir palácios, fundar reinos ou impérios. 
Perto do fim, até os cômicos tornam-se sérios, 
e nada mais restará do que bustos esquálidos. 

Pálidos - oh, pálidos morreram todos aqueles que eu admirei.
Definharam sós,
abandonados no leito de morte, 
sonhadores viveram, 
mas ao menos mortos 
obtiveram a glória que eu sonhei!

Que é a vida senão a sorte
ou um hediondo acaso?
Para quê nasces ó homem, 
senão para chorar, 
por um curto prazo, 
e depois para as trevas retornar?

Há estradas desertas
que ocultam maldades encobertas.
Nessas paragens isoladas, 
mulheres são violadas, 
por homens que não temem às leis
nem às chamas eternas,
e só querem saciar
o demônio que todos temos entre as pernas.

Deste ardil da natureza,
deveras sucede uma proeza.
A malícia cobre-se com sedoso pano, 
passados nove meses, 
ensangüentado e choroso nasce um ser humano.

Há nesses regaços
um forte odor 
de tédio e cansaço, 
como se a história, farta de si, quisesse se reinventar, 
para não continuar 
a perpetuamente se repetir.

Ah! Quanto sangue essa terra bebeu, 
quantos corpos esse solo encobriu! 
Mil vezes acorrentado seja Prometeu 
e Pandora pela caixa que louca abriu!

"Se corres ó homem, a dor vai te seguir. 
És consciente e da tua consciência nunca poderás fugir!
Tudo o que vês te parece perverso, 
mas esta é tua vida, 
o teu universo. 
Porque te impressionas e tuas crenças abandonas?"

A voz calou-se e terminaram as visões medonhas.
O fogo cessou de crepitar, 
o homem pôs-se a gritar
quando despertou, assombrado por imagens tão estranhas.

Ele recobrou o vigor,
já não sentia mais dor.
Tudo o que passou 
não era nada diante do que presenciou, 
ele vislumbrou uma parte do humano fel,
de um copo imenso
que ainda não se esgotou...

domingo, 22 de janeiro de 2023

Descartável

Nunca diga que não vai me esquecer 
pois você não sabe o que diz.
Você não me ama pelo que sou 
nem por algo que fiz,
mas pelo que vê e o que de mim pode obter,
pelo prazer que lhe dou. 

Nunca diga que sou o melhor 
pois você não conhece todos 
para eleger quem é o maior.
De todo modo, como poderia saber quem é o pior?

Nunca diga que não vai me deixar, 
pois se isto disser, vou crer que será a primeira pessoa a me abandonar. 
Não prometa o que não pode cumprir, 
o tempo de todos caçoa,
você pode mudar 
e eu sua atenção irei exigir. 

Nunca diga que me conhece
pois você não sabe o que penso.
Eu lhe mostro o que quero,
de mim cada um recebe o que oferece, 
os preconceitos ignoro-os e venço,
nada invento e de ninguém espero.

Eu sei o que digo, 
este é o lema que sigo.
Não se engane tentando me enganar,
não queira se decepcionar.
Tudo é frágil, comercial e perecível, 
para o bem ou para o mal, 
nada é para sempre, 
e ninguém é insubstituível. 


Bela misteriosa

Sempre quando pego o ônibus para ir trabalhar 
vejo uma jovem de incomum beleza
sentada em seu lugar.

Olhos azuis cor d' água, simulam frieza 
mas estão a tudo atentos, não param de observar. 
Não refletem alegria, mágoa tampouco,
ocasionalmente apenas entretidos na tela do celular.

Olho-a várias vezes, como um louco,
sem palavras lhe dirigir. 
O que diria à ela para uma conversa iniciar, 
o que devo proferir? 

Têm um porte elegante, 
é branca e loura.
Senta-se quase sempre à janela,
respirando do ar que entra por ela,
deixando-se iluminar pelo sol que seus fios doura.

Pouco a ouvi falar, mas quando o fez
não foi de desapontar. 
Um senhor um sorriso lhe arrancou,
não sei o que lhe falou, 
esta foi a única vez.

Perto dela poucos ousam se sentar,
diante de uma moça tão formosa chegam a se intimidar. 
Desci do ônibus, nessas coisas pensando, de relance para os lados olhando e percebi, 
oh! a bela misteriosa estava a me olhar!


Desencontro

Novamente te procurei e não te vi.
Onde você está não sei,
mas deveria estar aqui. 

Perdi o meu tempo e dinheiro 
esperando te encontrar,
acho que sou o primeiro 
que em você não pára de pensar.

Você quebrou o meu encanto,
pra você não significou nada
mas pra mim importou - e quanto!
Talvez isso tenha sido um erro,
uma doce cilada. 

Para você eu fui só mais um, 
mas pra mim você não foi só mais uma.
É difícil não ter sentimento algum 
quando o peito dói e a vontade de te ver jorra, espuma.

Você têm a cor do pecado,
a minha tentação. 
Bela mulata, te ter do meu lado 
é um devaneio, uma sonhadora ambição. 

Você me deixou dependente,
conseguiu balançar um coração carente.
E agora sumiu, onde está que não te vejo?
Volta, minha boca clama por mais um beijo!