quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Imensidão

Há um chão sob os meus pés 
e um céu sobre a minha cabeça. 
De dia, aquece-me o sol,
anoitece pra que eu adormeça. 

Sem névoa ou véu vejo as estrelas, tão belas e distantes. 
A lua é a rainha 
dentre os astros fulgurantes. 

No silêncio da noite sinto a solidão. Enquanto todos dormem, perguntas me assolam, o que sou eu nessa imensidão? 

Respostas clichês não resolvem, somente consolam.
Me perco neste mar de "porquês" que me vem uma e outra vez, 
me torturam, me consomem, me dissolvem. 

Queria ter asas para voar,
no infinito me perder.
Mas só tenho um coração para amar, olhos para ver, 
mãos para tocar,
uma mente para sonhar 
com o que posso 
e não posso ter.

No meio das aglomerações,
eu sou apenas mais um. 
Um entre milhões 
que se perdem nas multidões.
Incontáveis saindo do ventre materno e voltando para o seio da mãe-terra, o nosso lugar comum.

Almas que se esbarram e não se vêem, que se estudam e não se lêem,
se cruzam e não se falam,
que juntas padecem
mas não se conhecem.

Passam-se os anos, mudam-se os planos, trocam-se as estações. 
As crianças crescem, os jardins florescem, as filhas tornam-se mães.

Tudo se renova, 
mas no fundo continua igual. 
Viver é uma prova que não importa a nota,
não altera o resultado final.

O amor alivia a dor,
mas não a preenche.
A lágrima é amarga 
mas é sempre sincera.

Mais amarga é a espera
daquilo que não têm cor,
forma nem sabor, 
o nome todos sabem
mas não a viu ninguém:
Felicidade, é real,
será verdade?

Lembrar não é um mal,
mas esquecer é um grande bem.
Há beleza até nesse lado do inferno, onde o sofrimento, ainda que seja só um momento, parece eterno.

Rapidamente envelhecendo,
diariamente renascendo,
vou vivendo com a certeza de nada saber, de apenas sorrir, apenas chorar, apenas sentir, 
apenas ser.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Nostalgia

Para onde vão 
os adeuses não ditos, 
os amores não vividos, 
os sonhos perdidos, 
as lágrimas não derramadas? 

Para onde vão 
as vitórias que não foram celebradas, 
as homenagens que não foram dadas,
tudo o que quisemos e não tivemos, nossos amigos de infância, os nossos camaradas? 

Para onde vão 
a nossa primeira professora, o lápis, papel e tesoura, 
nossa primeira bola, 
os tempos de escola, 
nossos dias mais belos 
e sentimentos singelos? 

Para onde vão 
todas as emoções
das mais nobres recordações? 
Para onde vai 
o que no tempo se perde, 
um instante feliz, 
um bem que a vida nos concede?