domingo, 6 de novembro de 2022

O artista



Quanto pode durar um simples instante?
Quem pode fazer do fugaz e trivial algo belo e singelo,
e do banal importante?

Como transformar emoções
em obras geniais,
despertando sensações
naqueles que se deparam com as tais?

Artista, és tu este portador,
fruto raro entre os mortais,
nasceste para ser o receptor
das inquietações de teus iguais!

Nômade errante, vagas incerto
pintando com as cores da tua alma tudo aquilo que te aflige e te tira a calma.

Vives só, no teu árido deserto, és inconstante mas não distante, te preocupas tanto com o que não podes mudar,
às vezes permites cair o pranto
e num lamento chorar.

Mas tu não morrerás como os demais, ainda que deste mundo fazes parte.
Eternizaste o comum,
materializando o real de forma incomum,
deixaste obras atemporais,
para sempre viverás na tua arte!

Tiroteio na escola


Muitos desaforos tolerados,
tantos insultos injustamente lançados, não podia ficar impune.
Tudo o que vai volta,
toda ação têm uma reação
e contra ela ninguém está imune.

Vocês mexeram com a pessoa errada
e vão descobrir isso tarde demais!
Não é correto dizer que alguém é inútil e não vale nada, isto nunca se faz.

Absorvendo tudo o que é fútil,
vocês se acham os tais.
Zombam dos seus colegas,
desprezam os diferentes,
estranhos e "anormais".

Logo vocês verão que todos são gente,
na dor somos iguais.
Mas não terão pra onde correr,
só lhes restarão lutar para viver,
se conseguirem sobreviver!

Todo mundo é valente com uma arma na mão,
mas todos são covardes quando ofendem o próximo sem razão!

Vocês criaram um monstro e agora terão que suportá-lo.
Ele está aí, atirando pelos corredores da escola,
cheio de ira,
é tarde para dar-lhe flores
ou tentar lhe encher a bola.
Qual dos valentões que o humilhavam, empurravam e socavam, quem vai enfrentá-lo?

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

A porta



Há uma porta que leva para ninguém sabe onde.
Há uma porta que quando nela batem ninguém responde,
há uma porta que todos vêem
mas ninguém sabe que mistérios esconde.

Ela está sempre aberta
porém ninguém nela quer entrar.
Ela é pontual e certa
para na nossa estrada cruzar.

Dizem que quem nela entrou
o caminho de volta jamais trilhou.
Tudo o que nela entra
dos seus domínios nunca sai.
Ela arrebata à força,
o que nela adentra, afunda
sem saber para onde vai.

Ela não têm endereço fixo,
não têm localização,
dia ou hora certa.
Ela não têm prefixo,
está em todos os lugares,
aparece nos mares,
surge nos ares,
é eclética e democrática,
seu tamanho é colossal,
sua entrada é universal.

Esta porta a todos assombra,
todos a temem,
embora a todos acolha.
Não adianta dela fugir,
ela nos há de seguir,
atravessá-la não é uma escolha.

Desde o começo estamos
fadados a atravessar esse portal.
Dia após dia à ele avançamos
numa marcha acidental.

Há uma porta que leva para ninguém sabe onde.
Há uma porta que quando nela batem ninguém responde,
há uma porta que todos vêem,
mas ninguém sabe que mistérios esconde.