Eu estive andando por aí,
procurando respostas.
Não as encontrei,
eu sei, a paixão e o ardor
pela vida deram-me as costas.
Consultei cartomantes,
fiz promessas.
Tudo continuou como antes,
permaneceram imóveis as peças.
Peças deste quebra-cabeça que alguém inventou.
Sou eu um personagem vivo
de um livro já escrito
ou um sonho (pesadelo) que alguém sonhou?
Aflora o desalento,
findam-se os anseios juvenis.
Maior é o questionamento
e o desejo de voltar às crenças infantis!
Experimento o desconforto
de ser e de estar.
Que anjo torto é esse que me persegue e não me quer abandonar?
Nas fumaças das chaminés,
no brado das ralés,
nas traças da nostalgia,
nas tragédias de cada dia
a vida se esvai...
Assassina, tirana
que para nutrir-se
necessita sempre de um ai!
Contemplo a tudo perplexo,
tudo faço sem emoção.
Quanto mais penso, não vejo nexo, a vida é uma eterna repetição.
Fiz hoje o mesmo que ontem,
e amanhã o farei novamente.
Quem haverá que minhas lágrimas conte ou as enxugue somente?
Persegui teorias,
li várias fontes.
Inúmeras ideologias,
mas as mesmas bases,
as mesmas pontes...
Todos dizem saber
e ninguém sabe.
A verdade, seja ela qual for,
só a Deus cabe.
Cansei de tentar entender o que não pode ser explicado.
Quero apenas sentir
o que tiver que sentir,
chorar ou sorrir...
Pois a razão me sussurra:
"Não viver, eis o grande pecado!"