quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A teologia da prosperidade à luz da Biblia

Em muitas igrejas evangélicas atuais, principalmente nas neo-pentecostais, é ensinado pelos pastores que todo cristão deve viver uma vida abundante, farta, que não pode aceitar a miséria, e que deve tomar posse das bênçãos que Deus lhe deu, não apenas no campo espiritual, mas no financeiro também. Segundo estes líderes, a vinda de nosso Senhor Jesus e sua morte por nós, não garantem apenas uma vida espiritual abundante, plena da presença de Deus e da comunhão com ele, mas saúde física e prosperidade, da qual todos devem participar. Não somente isso, se você crê no filho de Deus mas vive uma vida de miséria ou pobreza, deve avaliar sua fé, repreender o inimigo e tomar posse desta bênção, caso contrário, algo está errado com você.

Contudo, ainda que esta doutrina, à qual é chamada de "teologia da Prosperidade" seja ensinada em muitas igrejas, ironicamente, não vemos seus resultados milagrosos tão facilmente. Parece que os líderes que a ensinam tem tido mais êxito que os fiéis que a escutam, algo que é no mínimo estranho...E não deveria ocorrer se este ensino fosse verdadeiro. Assim que, trabalhar parece ser até hoje o melhor caminho para ganhar dinheiro.

Veremos à luz da Bíblia se esta doutrina é verdadeira, se Cristo e seus apóstolos ensinaram a "teologia da prosperidade" às pessoas, propagando para todo o mundo as boas novas das riquezas, da abundância, do luxo e dos bens materiais, ou se a mensagem dele e seus discípulos é a da cruz, da renúncia, do padecer injustamente, da luta contra o pecado e abdicação do próprio ego.

Mateus 6:19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

Jesus nos recomenda a não ajuntarmos tesouros na terra, pois são passageiros e ainda podem ser roubados, mas ajuntarmos no céu, pois as riquezas espirituais são muito mais valiosas e são eternas. Também vemos que aonde está o tesouro de alguém, aí estará seu coração, pois a pessoa colocará seu tesouro em primeiro lugar na sua vida, e no caso das riquezas isto é perigoso, pois ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6:24).

Mateus 19:20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda? 21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me. 22 E o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propiedades. 23 Disse, então, Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no Reino dos Céus. 24 E outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha que entrar um rico no Reino de Deus.

O jovem rico que foi ter com Jesus (Mt 19:16-30), era uma pessoa piedosa, que guardava os mandamentos da lei mosaica e tinha desejo de herdar a vida eterna. Porém, Jesus, que conhece os corações, quis testar até onde ia de fato o seu amor por Deus e desejo de obedecê-lo, por isso disse para que ele vendesse tudo e desse aos pobres. O jovem então deixou-o, e sua tristeza provou que seu amor e apego pelas riquezas e bens materiais ainda eram maiores que seu amor por Deus e anseio pela vida eterna.

Lucas 12:13 E Disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança. 14 Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós? 15 E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. 16 E propôs-lhes uma parábola, dizendo: a herdade de um homem rico tinha produzido com abundância. 17 E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. 18 E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; 19 e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. 20 Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? 21 Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus.

Jesus contou esta parábola do Rico insensato após um homem lhe pedir que o ajudasse a convencer seu irmão à dividir com ele seus bens. Nesta parábola, Cristo nos ensina que a maior riqueza não é material, mas espiritual, e que não adianta nada possuir todas as riquezas materiais e ser pobre para com Deus, espiritualmente. O rico insensato preocupou-se tanto com suas riquezas que se esqueceu da sua alma, do estado dela para com Deus, antes, colocando o coração em coisas passageiras, da qual ele nada levaria (Lc 12:20). Este erro deve ser evitado por todos os cristãos, que sabem que seus maiores tesouros são celestiais, não terrenos.

Lucas 12:33 Vendei o que tendes, e dai esmolas, e fazei para vós bolsas que não se envelheçam, tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão, e a traça não rói.

Todo cristão deve prezar pelas riquezas espirituais, deve enriquecer-se espiritualmente abundando em boas obras, das quais será recompensado na segunda vinda de Jesus (1 Pe 1:4, Mt 16:27, Lc 14:13-14, Ap 22:12).Já que não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura (Hb 13:14).

1 Timóteo 6:7 Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele. 8 Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. 9 Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. 10 Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se transpassaram a si mesmos com muitas dores. 11 Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.

O apóstolo Paulo recomendou ao jovem Timóteo a não ser ganancioso, pelo contrário, a fugir deste pecado. Disse que devemos ser contentes com o que temos, que a cobiça do dinheiro é a maior raiz de todos os males, e que inclusive muitos se desviaram da fé por causa disso (Que diferença do que pregam os pastores da atualidade, sempre associando a fé cristã a dinheiro e prosperidade!) Paulo, contudo, nos mostra que esta busca por dinheiro não é somente errônea, mas perigosa, já que muitos largaram a fé por isto (provavelmente gente cristã), e que Timóteo deveria evitar estas coisas, e antes, seguir as boas obras de um cristão, enriquecendo para com Deus. Hoje em dia, vemos muitos escândalos de corrupção e desvio de dinheiro não apenas na política, mas também nas igrejas, onde renomados líderes são denunciados e acusados de desvio do dinheiro dos fiéis, o que sem dúvida corrobora com os versos 9 e 10 desta passagem. Tais líderes podem até não terem abandonado a fé publicamente, mas devido a cobiça que tem, já a abandonaram há muito em seus corações, a menos que se arrependam e voltem a colocar Deus em primeiro lugar em suas vidas.

1 Timóteo 6:17 Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; 18 que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis; 19 que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna.

A mesma recomendação é feita novamente a todos. Os ricos não devem deixar-se iludir com suas riquezas, e sim enriquecer em boas obras, invocarem a Deus com um coração sincero, e assim estarão tendo um bom fundamento para o futuro, e alcançarão a vida eterna. Vemos que não há problema algum em ser rico, o problema está na ganância, na avareza que deve ser evitada. Os ricos que querem alcançar a salvação devem ser sábios e almejar as maiores de todas as riquezas, que são as espirituais, e que resultarão em vida eterna para todos aqueles que as buscam.

Jesus e os apóstolos nos ensinaram a almejar o Reino de Deus mais do que a qualquer outro bem. Alguns citam João 10:10 como prova de que ele veio trazer esta prosperidade financeira, já que veio nos dar vida abundante: "O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância." Este texto não fala absolutamente nada de prosperidade econômica, pois vimos que o mesmo Senhor Jesus condenou a ganância e a avareza em muitas passagens, inclusive os fariseus que eram avarentos, zombaram dele (Lc 16:14). Ter uma vida espiritual abundante, plena da presença de Deus já é uma maneira de ter vida em abundância. Antes da vinda de Cristo, estávamos mortos em nossos pecados e sem nenhuma esperança "Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus." (Efésios 2:4-7). Portanto, as palavras de Jesus nesta passagem do Evangelho de João não implicam necessariamente em prosperidade financeira. Cristo deixou sua glória no céu, se fez carne, morreu por nós para assim nos resgatar da nossa condição de escravos do pecado e levar-nos a Deus, como novas criaturas, com uma vida espiritual plena e abundante: "Porque já sabeis a graça de nosso senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis." (2 Co 8:9).

Ninguém em sã consciência vai negar que Deus pode enriquecer à quem quiser, principalmente seus servos, pois "Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos." (Ag 2:8). A questão é se a Bíblia, em especial o Novo Testamento, ensina isto de que todo crente deve buscar a prosperidade tanto quanto busca a Deus, já que Jesus teria vindo nos dar dessa abundância financeira a todos que nele crêem. Biblicamente, a mensagem do Evangelho é a da renúncia, tomar diariamente sua cruz (Mt 8:34, Lc 9:23), arrepender-se dos pecados (Mc 1:15, Lc 24:47, At 2:38), mudar de vida ( Mt 3:8, At 26:20), pregar as boas novas (Mc 16:15, Mt 28:18-20). A prosperidade pode vir, mas sem que a pessoa a busque, como aconteceu com o sábio rei Salomão que não pediu riquezas a Deus, ainda que tivesse a chance de fazê-lo (1 Rs 3:5-15). Nosso alvo principal não são os bens materiais, passageiros e temporais, ainda que sejam necessários, mas o Reino de Deus, e as demais coisas nos serão acrescentadas (Mt 6:25-34). Devemos servir a Deus com sinceridade no coração, confiando que ele pode suprir todas as nossas necessidades:

Hebreus 13:5 Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desamparei.

Deus supre todas as necessidades de seu servos, mesmo que não necessariamente os enriqueça (Sl 34: 9-10, Sl 37:25). Ser pobre também não é nenhum sinal de fraqueza espiritual ou falta de fé, pois são os pobres que agradam a Deus (Tg 1:9-11, 2:5, 5:1-6). Nos evangelhos nunca vemos pessoas que aceitam a Cristo como Senhor de suas vidas enriquecendo instantaneamente, mas sim sendo transformadas e renovadas em seu caráter e comportamento, crendo em Deus e abandonando a escravidão do pecado (Jo 8:31-36).

Tampouco precisamos fazer voto de pobreza, vivermos mendigando ou coisa assim. Deus pode nos prosperar conforme ele queira, somente não precisamos nem devemos ter isto como nosso maior alvo. Nossa postura para com o dinheiro deve ser então a do sábio rei Salomão, e a mesma do apóstolo Paulo:

Provérbios 30:7 Duas coisas te pedi; não mas negues, antes que morra: 8 afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção acostumada; 9 para que, porventura, de farto te não negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de Deus.

Filipenses 4:12 Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. 13 Posso todas as coisas naquele que me fortalece.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

A dupla natureza de Cristo

Há na cristandade uma pequena corrente de pensamento que diverge da crença tradicional e bíblica da dupla natureza de Cristo (humana e divina). Para estas pessoas, é impossível que Jesus fosse 100% homem e 100% Deus enquanto esteve na terra, pois eles consideram simplesmente inconcebível tal conceito, e alegam também que se Jesus não tivesse se despojado totalmente de sua divindade, não poderia ser um ser humano como os demais, o que, segundo eles, afetaria sua total encarnação. Vejamos, contudo, como a Bíblia é clara em ensinar, de forma mais ou menos explícita, a dupla natureza de nosso Senhor Jesus.

As passagens que citam os que negam a divindade de Cristo na terra, são textos onde supostamente se ensina que Jesus se despojou totalmente da sua divindade, e que só iria recuperá-la novamente depois da sua ressurreição e ascensão aos céus, ou seja, ele seria um homem na terra, mas voltaria a ser Deus quando acendesse aos céus. Para os que crêem assim, como já dissemos, foi isto que aconteceu, Cristo teria sido um simples homem como todos, com a diferença que era cheio da presença de Deus e os milagres dele eram realizados pelo poder do Espírito Santo, não por sua natureza de Deus.Vejamos uma destas passagens:

Atos 10:38 Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo porque Deus era com ele.

Essa passagem não nega a divindade de Cristo na terra, o fato de que o texto diga que Jesus foi ungido com o Espírito Santo e virtude, não significa que ele não fosse homem e Deus. Como homem Jesus dependia do Pai, assim como nós, embora ele e o pai sejam um (Jo 10:30), ele obviamente orava à Deus e o Pai pelo seu Espírito operava maravilhas, assim como acontece hoje com os crentes. Contudo, como filho de Deus encarnado, Jesus respeitou sua condição humana e não usou dos poderes de sua divindade para seus próprios interesses, antes, com o auxílio do Espírito Santo, operava os milagres para o bem de todos (Jo 5:36, 8:28, 11:4, 42). Jesus não estava na terra para cumprir sua própria vontade, antes para servir e cumprir a vontade daquele que o enviou (Mt 20:28, Jo 6:38), assim, ele nos deu o exemplo em tudo, e com sua obediência perfeita ao Pai e o Espírito Santo que nele estava, operou maravilhas e glorificou o Pai (Jo 5:30, 8:54, 14:10-11). Além de não negar a divindade de Cristo na terra, esta passagem de Atos nos mostra o perfeito trabalho e unidade da Trindade na vida de Cristo e seu ministério, pois diz: "Como Deus (Pai) ungiu a Jesus de Nazaré (Filho) com o Espírito Santo e com virtude..." A Trindade está harmonicamente presente na obra da salvação, do começo ao fim da vida e ministério de nosso Senhor (Mt 3:16-17, Rm 8:11).

Filipenses 2:6 "Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, 7 Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz."

Este é o principal texto que usam os que negam a divindade de Cristo e sua dupla natureza. Eles se agarram de forma literal e radical ao verso 8, e crêem que o apóstolo Paulo ensinou que Cristo era só homem quando esteve entre nós, contudo se esquecem do verso anterior que diz que foi feito "semelhante aos homens". Isto obviamente mostra que não era igual em tudo, já que além de nascer de uma virgem (Mt 1:18) ser filho de Deus (Lc 1:35, 2:49), ele não tinha pecado e também não era um simples homem como os demais (Mt 8:27). O contexto da passagem de Filipenses 2:5-11 está falando da encarnação de Cristo, da sua preexistência, divindade, sua obediência e submissão ao Pai e sua exaltação por Deus. Em momento algum nega sua divindade na terra, mas esclarece que ele encarnou de fato, o que refuta as alegações da seita dos gnósticos daquele tempo que negavam isso (Fp 2:8, Jo 1:14, 1 Jo 4:2). Mostra como Cristo foi submisso à vontade do Pai, procurando obedecê-lo plenamente, ainda que fosse da mesma condição divina (Fp 2:6, Mt 26:42) e como se submeteu a uma morte extremamente dolorosa, sendo depois glorificado pelo Pai, e tornando-se salvação à todos (Jo 12:27-30, At 10:36-42, Hb 1:1-4, Hb 5:7-10, Ap 5:12). Não há nenhuma negação da dupla natureza de Cristo na terra, antes, essa bela passagem nos mostra sua divindade, preexistência, encarnação e exaltação, sem contudo negar suas duas naturezas, humana e divina.

Vejamos, agora, alguns indícios de que Jesus não poderia ser um mero homem que simplesmente operava milagres pelo poder de Deus, mas que era mais do que isso, pois fez coisas que somente Deus pode fazer, e Cristo as fez com sua própria autoridade, ou seja, sem a necessidade de orar ao Pai como fariam os apóstolos ou seus servos atuais se quisessem executar estes mesmos sinais.

Marcos 4:38 E ele estava na popa dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos? 39 E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. 40 E disse-lhes: Porque sois tão tímidos? Ainda não tendes fé? 41 E sentiam um grande temor e diziam uns aos outros: Mas quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?

É interessante notar que não vemos qualquer vestígio de que Jesus tenha orado ao Pai para acalmar a tempestade. Ao contrário, ele acordou e rapidamente repreendeu o mar e o vento, que lhe obedeceram instantaneamente, deixando maravilhados os discípulos que viram isso. Naturalmente que acalmar o mar e o vento com sua palavra é bem fácil para aquele que os criou (Jo 1:3, 10).

Salmos 107:25 "Pois ele manda, e se levanta o vento tempestuoso, que  eleva as suas ondas. 26 Sobem aos céus, e a sua alma se derrete em angústias. 27 Andam e cambaleiam como ébrios, e esvai-se-lhes toda a sua sabedoria. 28 Então, clamam ao Senhor na sua tribulação, e ele os livra das suas angústias. 29 Faz cessar a tormenta, e acalmam-se as ondas. 30 Então, se alegram com a bonança; e ele, assim, os leva ao porto desejado."

Jesus, como homem na terra, fez estas coisas que no Antigo Testamento são atribuídas à Jeová, o Pai de Jesus. No Evangelho de Marcos vimos como Jesus acalmou o mar com sua palavra, depois que seus discípulos o acordaram e clamaram socorro, e logo fez-se bonança, tal como o Salmo 107 diz que Jeová faz com os marinheiros, usando de benignidade para com eles. Vamos analisar outras passagens à luz do Antigo Testamento em que Jesus, como homem, traz em si mesmo atributos que pertencem só a Deus.

Salmos 146:5 Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacob por seu auxílio e cuja esperança está posta no Senhor, seu Deus, 6 que fez os céus e a terra, o mar e tudo quanto há neles e que guarda a verdade para sempre; 7 que faz justiça aos oprimidos; que dá pão aos famintos. O Senhor solta os encarcerados; O Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor levanta os abatidos; o Senhor ama os justos;

Mateus 14:19 E tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a erva tomou os cinco pães e os dois peixes, e erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão. 20 E comeram todos, e saciaram-se; e levantaram dos pedaços que sobejaram, doze alcofas cheias. 21 E os que comeram foram quase cinco mil homens, além das mulheres e crianças.

Mateus 20:32 E Jesus, parando, chamou-os, e disse: Que quereis que vos faça? 33 Disseram-lhe eles: Senhor, que os nossos olhos sejam abertos. 34 Então Jesus, movido de íntima compaixão, tocou-lhe nos olhos, e logo viram; e eles o seguiram.

Jesus fez duas coisas que o Pai faz: saciar com pão os famintos e abrir os olhos dos cegos.

Marcos 2:4 E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava, e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico. 5 E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados. 6 E estavam ali alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: 7 Porque diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? 8 E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Porque arrazoais sobre estas coisas em vossos corações? 9 Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados;  ou dizer-lhe: Levante-te, e toma o teu leito, e anda? 10 Ora para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico), 11 A ti te digo: Levante-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. 12 E levantou-se, e tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos.

Isaías 43:25 Eu, eu mesmo, sou o que apaga as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados me não lembro.

Salmos 32:1 Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. 2 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano.

É Deus quem perdoa pecados, e Jesus também perdoou pecados quando esteve na terra, inclusive foi acusado de blasfêmia por isso, o que obviamente não tem sentido, pois ele é o próprio Deus, e tinha toda autoridade para fazê-lo.

João 2:24 Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; 25 E não necessitava de que alguém lhe testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.

Salmos 139:1 Senhor, tu me sondaste e me conheces. 2 Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento; 3 Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. 4 Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces.

João 16:30 Agora conhecemos que sabes tudo, e não hás mister de que alguém te interrogue. Por isso cremos que saíste de Deus.

Salmos 44:20 Se nós esquecermos o nome do nosso Deus e estendermos as nossas mãos para um deus estranho, 21 porventura, não conhecerá Deus isso? Pois ele sabe os segredos do coração.

João 21:17 Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo.Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

1 João 3:20 Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que os nossos corações, e conhece todas as coisas.

A onisciência é claramente um atributo divino, e Jesus, o filho de Deus tinha esse atributo já como homem na terra.Jesus também conhecia muito bem o futuro, assim como o Pai conhece.

João 6:64 Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar.

João 13:11 Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos.

Isaías 46:9 Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim; 10 que anuncio o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade;

Além de saber de antemão que seria traído por Judas Iscariotes, Jesus também previu o futuro, as coisas que ocorrerão no fim dos tempos, como vemos no sermão profético de Mt 24-25 com paralelos em Mc 13 e Lucas 21.

Jesus também foi servido pelos anjos (Mt 4:11) que são servos de Deus (Sl 103:20-21, 148:2), ele conhecia os pensamentos das pessoas (Mt 12:25, Lc 5:22, 6:8, Jo 16:19), sabia perfeitamente a vida da mulher samaritana com a qual nunca tinha se encontrado antes (Jo 4:15-19), sabia onde Natanael esteve antes que Natanael fosse vê-lo (Jo 1:45-51), caminhou sobre as águas do mar (Mt 14:24-33), fez "brotar" um estater da boca de um peixe (Mt 17:24-27), secou uma figueira (Mt 21:18-22) como Deus faz (Sl 107:33-34), escapou de um apedrejamento simplesmente atravessando no meio dos judeus furiosos (Lc 4:28-30), a mulher que tinha fluxo de sangue foi curada pelo simples toque dela em Jesus, do qual saiu virtude (Lc 8:47-50),  previu que Pedro o negaria (Jo 13:36-38, Lc 22:54-62), os homens que o prenderam recuaram e caíram por terra ao vê-lo no getsêmani (Jo 18:6), entre outras coisas.

Ainda que não possamos comprender com nossas mentes finitas tão maravilhoso mistério, não podemos negar que Jesus tinha estas duas naturezas quando viveu entre nós, humana e divina ao mesmo tempo. Isso em momento algum muda o fato de que se encarnou e se fez totalmente homem, que teve fome, sede, e morreu em nosso lugar. Cristo não usou de seus atributos divinos em benefício próprio, tampouco se despojou totalmente deles, como crêem alguns. Suas duas naturezas subsistem perfeitamente na sua pessoa, em total harmonia, como bem disse o apóstolo Paulo:

Colossenses 2:9 Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade;

Assim que, concluímos que a doutrina da união hipostática de Cristo é totalmente bíblica.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

O Fogo eterno

"Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mt 25:41). A sentença de condenação que proferirá nosso Senhor Jesus no grande dia do juízo final, têm sido vista como uma das provas do sofrimento eterno dos pecadores. Veremos a seguir, porém, como tal crença é infundada, e que devidamente analisada, tais palavras são justamente o contrário do que dizem.

Além de Mateus 25:41, a expressão fogo eterno ocorre somente outras duas vezes nas escrituras, e uma delas é de suma importância para elucidarmos esse termo. Leiamos Judas 7: "Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas que havendo se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno." Este texto sagrado chama atenção pelo fato do escritor inspirado ter empregado esta mesma expressão para uma cidade/pessoas cujo castigo já teve fim! Tal declaração é de grande valia para o entendimento correto do que é de fato o fogo eterno: castigo infinito, infindável? Não! Antes, uma destruição irreversível, eterna, para sempre! Isso é um fato, já que Sodoma e Gomorra há séculos pararam de queimar, mas sua pena foi eterna: Fogo eterno.

Alguns objetam, afirmando que Judas não quis dizer que estas cidades foram destruídas para sempre (sendo esta a pena do fogo eterno), mas que na verdade ele queria dizer que os habitantes destas cidades estão sofrendo ou sofrerão o mesmo "tormento eterno" que o diabo e demais ímpios. Esta alegação contudo não procede, pelas seguintes razões: Se esta fosse a intenção do autor, ele não precisaria usar Sodoma como exemplo, pois o que aconteceu com ela não seria de fato um aviso, como o versículo diz! Mas o verso fala justamente que sofreram essa pena, e que isso é um exemplo para nós.

Segundo, porque Pedro tem raciocínio semelhante ao de Judas na sua epístola: "E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza e pondo-as de exemplo aos que haviam de viver impiamente." (2 Pe 2:6). O apóstolo também nos prova que Sodoma e Gomorra foram totalmente destruídas, virando cinzas, e que isso é aviso para todos os ímpios que viriam depois! Pedro, além de não deixar dúvidas de que o castigo daquele povo foi destruição total, reitera que é um exemplo para os pecadores.

Em terceiro lugar, o próprio Cristo garantiu que a pena que os moradores de Sodoma sofrerão será menor que a das outras cidades (Mt 10:15). Isto desmonta a crença de que será um tormento eterno para todo mundo e que Judas quis dizer isso em sua epístola, pois além de provar que uns serão mais castigados e outros menos, mostra que o povo de Sodoma não está sofrendo este tormento eterno, sim que serão punidos novamente, mas menos que os demais. Jesus também comparou a manifestação de sua vinda com o que sucedeu com este povo em Lc 17:28-30. "Curiosamente", os mesmos elementos que queimaram essas cidades, são os mesmos que experimentarão os perdidos no juízo final: "lago de fogo e enxofre, que é a segunda morte" (Ap 21:8).

Portanto, Mt 25:41, uma vez sendo analisado à luz de outros textos que tratam do mesmo tema, no caso da volta de Cristo e juízo de Deus, não prova um tormento eterno e consciente, mas sim o oposto disto, uma completa, definitiva, irreversível e eterna destruição.

Mt 10:28 e a imortalidade da alma

"E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo." Uma passagem bastante usada pelos defensores da imortalidade da alma, Mt 10:28 é citado como prova de que temos uma alma imortal que sobrevive à morte do corpo. Mas seria isso mesmo que Jesus ensinou? Se não é, que evidências temos para dizer o contrário? Veremos a seguir.

Ao longo de toda a Bíblia, a alma nunca é apresentada como existindo fora do corpo e sendo imortal. Se tivéssemos ao menos um verso nesse sentido, não teríamos porque duvidarmos que esta declaração ensine isso. Mas além do próprio contexto de Mt 10:28, que mostra que a alma pode perecer ou ser destruída com o corpo, temos muitos textos bíblicos em que a alma morre: (Ex 31:14, Lv 23:30, Sl 78:50, Ez 18:4, Js 10:28, 34, 35, 39-40, Is 53:12, Sl 116:8, At 3:23, Tg 5:20, etc.) Sabendo que a morte da alma (diferente de muitas crenças, religiões e filosofias), é comum na Bíblia, vejamos o que vem a ser a alma que os homens não matam, mas Deus pode fazer perecer com o corpo.

Em Lc 21:19, lê-se: "Pela vossa perseverança ganhareis vossas almas." Aqui a alma é dada como a recompensa dos justos. Em alguns versos anteriores, Jesus alerta da perseguição que seus discípulos sofreriam (Lc 21:16), sendo até torturados e mortos. Mas ele os conforta, mostrando que nada disso seria em vão: "Na vossa perseverança, ganhareis vossas almas." Todas as lutas deles resultariam em prêmio, sendo essa "alma" um símbolo da vida eterna que eles ganhariam, e que nem o mais maldoso dos homens pode roubar. "Podem matar o corpo, mas não a alma", esse dom só Deus pode dar, mas também pode impedir alguém de desfrutar, ao castigar a pessoa com uma segunda morte, sem esperança de ressurreição.

O original de Mt 10:28 é Geena, que nos tempos de Jesus era o local de Jerusalém onde eram queimados os corpos de criminosos que não eram sepultados, sendo equivalente ao lago de fogo e enxofre do Apocalipse que é a segunda morte. Matar o corpo, seria então a morte para essa vida, que todos sofremos por causa de Adão. Já "destruir corpo e alma" na Geena, é a segunda morte de uma pessoa no lago de fogo, sendo assim privada do dom da vida eterna (alma), castigada de uma maneira irreversível, com uma morte eterna que somente Deus pode dar.

Em Hebreus 10:39, lemos: "Nós porém, não somos daquele que regridem para a perdição, mas do que crêem para a conservação da alma." O autor dessa epístola, sabia que voltar a pecar é um risco de morte para a alma (Ez 18:4, At 3:23, Tg 5:20), mas também pode ter escrito tendo em mente o sentido de alma como vida eterna que os justos ganharão (Lc 21:19). Seja qual o for sentido, Hb 10:39 confirma que a preservação da alma é manter-se obediente a Deus, não a imortalidade da alma em si mesma, o que se harmoniza com outros textos: (Pv 19:16, Ez 18:4, Tg 5:20), "Eis que todas almas são minhas, como a alma do pai, também a alma do filho é minha; A alma que pecar, morrerá" (Ez 18:4)." Saiba que aquele que converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados."(Tg 5:20).

A alma pode morrer, principalmente se pecarmos. Alguns versos antes, em Hb 10:27 temos o alerta de que se pecarmos conscientemente, teremos que temer um "juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários". Em Lucas 12:4-5, Cristo diz o mesmo que em Mt 10:28 sem mencionar alma, mostrando que depois da morte do pecador, virá seu lançamento total na geena, ou seja, o castigo da segunda morte no lago de fogo de Ap 21:8 (que só acontecerá após o retorno de Jesus, ressurreição e juízo: Mt 16:27, 25:31-46, Lc 14:14, Jo 5:28-29, Jo 6:40, 2 Pe 3:7, 2 Tm 4:1, 2 Co 5:10, Jo 12:48). Além disso, apenas os justos viverão eternamente (Jo 3:16, Rm 2:7, 6:21-23, Jo 6:47-51, 2 Tm 1:10), e aos pecadores cabe a segunda morte (Ap 2:11, 21:8). Em Mt 5:29, Jesus fala do corpo de alguém ir parar na Geena sem nenhuma menção da alma ser torturada nesse lugar.

Portanto, haja visto que a alma é mortal na Bíblia, que em Lc 21:19 Cristo ilustrou o termo alma como a vida eterna que os crentes receberão, que em Hb 10:39 a conservação da alma está ligada a obediência, em Tg 5:20 a alma do pecador corre risco de morte, fica difícil de ver em Mt 10:28 a alma como um elemento imaterial, incorpóreo e imortal separado do corpo! Como todos vão ressuscitar e ser julgados (Dn 12:2, Jo 5:28-29, At 24:15) e que por causa da ressurreição, a morte não é o fim (1 Co 15:21-22), concluímos que a alma de Mt 10:28 não é um "gasparzinho camarada" flutuando em algum lugar após a morte, nem nada imortal, mas sim a vida eterna que Deus dará aos cristãos perseverantes, mas que os pecadores não desfrutarão, sendo exterminados com a segunda morte no lago de fogo e enxofre (Ap 21:8), depois de pagarem por seus pecados (Lc 12:46-48), sofrendo por fim a morte eterna (Sl 37:9, 10, 20, 34, 38, Sl 92:7, Pv 2:22, Ez 18:20-26, 33:11, Is 1:28, 29:20-21, Ob 1:16, Ml 4:1-3).

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A aparição de Samuel

Uma das passagens mais distorcidas e pervertidas pela cristandade para ensinar a falsa doutrina da imortalidade da alma é o caso da aparição de Samuel, relatado em 1 Samuel 28:7-20. Eles dizem que foi a alma ou o espírito de Samuel que apareceu neste momento, porém, vejamos a verdade sobre este assunto:

Em primeiro lugar, tem que deixar claro que não foi a alma do profeta Samuel que apareceu, porque muitos ensinam essa falsa doutrina que ao ser submetida à luz das Sagradas Escrituras carece de fundamentação bíblica. Então, devemos fazer uma exegese apropriada para determinar a verdadeira identidade de quem realmente apareceu nessa sessão espírita. Primeiro leiamos o texto:

1 Samuel 28:12 " Vendo, pois, a mulher a Samuel, gritou em alta voz; e a mulher falou a Saul, dizendo: Por que me tens enganado? Pois tu mesmo és Saul. 13 E o rei lhe disse: Não temas; porém que é o que vês? Então, a mulher disse a Saul: Vejo deuses que sobem da terra. 14 E ele lhe disse: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um homem ancião e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e se prostrou. 15 Samuel disse a Saul: Por que me desinquietaste, fazendo-me subir? Então, disse Saul: Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se tem desviado de mim e não me responde mais, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso, te chamei a ti, para que me faças saber o que hei de fazer. 16 Então, disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o Senhor te tem desamparado e se tem feito teu inimigo? 17 Porque o Senhor tem feito para contigo como pela minha boca te disse, e o Senhor tem rasgado o reino da tua mão, e o tem dado ao teu companheiro Davi. 18 Como tu não deste ouvidos à voz do Senhor e não executaste o fervor da sua ira contra Amaleque, por isso, o Senhor te fez hoje isso. 19 E o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo; e o arraial de Israel o Senhor entregará na mão dos filisteus. 20 E, imediatamente, Saul caiu estendido por terra e grandemente temeu por causa daquelas palavras de Samuel; e não houve força nele, porque não tinha comido pão todo aquele dia e toda aquela noite."

Depois de ler este texto bíblico é necessário ressaltar que há duas posturas interpretativas acerca da identidade deste ser que apareceu nesta sessão espírita: A primeira postura é que este ser era Samuel porque a Bíblia o descreve como tal. A segunda postura é que esta entidade era um demônio disfarçado de Samuel.

Mas talvez alguns se perguntem: se era um espírito iníquo que fingia ser o profeta Samuel, então, porque a passagem diz claramente que era Samuel? Por que não diz que era um demônio disfarçado de Samuel?

1- Primeiro que todo o texto não afirma que a pitonisa disse que tinha visto Samuel. Ela não disse: "Vejo à Samuel" ou "aqui está Samuel", ela apenas viu imagens ou silhuetas não definidas.E é assim que respondeu à Saul: "Vejo deuses que sobem da terra".(1 Sm 28:13). Depois lhe informou: "Vem subindo um homem ancião e está envolto numa capa.Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e se prostrou."(1 Sm 28:14). Observem que de acordo com a descrição proporcionada pela advinha de Endor foi Saul que imaginou que era o defunto Samuel, e com base nesta premissa, o relato personifica esta silhueta como se fosse o profeta Samuel.

2- Se os mortos estão no pó da terra e já não existem (Dn 12:2), então porque o profeta Samuel apareceu? A explicação é bem fácil de entender: porque não era o profeta Samuel, mas um demônio fazendo-se passar por ele!! Apenas reflitamos nisto: Se Saul consultou à Deus, mas Deus não lhe respondeu nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas (1 Sm 28:6), muito menos iria lhe responder com a prática satânica da invocação dos mortos que Deus mesmo condenava na sua palavra (Lv 19:31). Deus e sua palavra não se contradizem. E aliás, não é de se estranhar que um demônio aparecesse em uma sessão espírita, já que a Bíblia diz claramente que Satanás se disfarça como anjo de luz (2 Co 11:14).

3- Na realidade não foi com Samuel que a médium espírita se comunicou, já que Samuel estava morto, e a Palavra de Deus diz que os mortos de nada sabem (Ec 9:5) e na morte perecem os pensamentos da pessoa (Sl 146:4). Não, não podia ser Samuel porque Samuel era um profeta de Deus e em vida ele se opôs aos mediuns espíritas (1 Samuel 15:23).

4- Enquanto Samuel esteve vivo, havia se recusado falar com o desobediente Saul (1 Sm 15:34). Por isso, se Samuel ainda estivesse vivo no além, teria permitido que uma médium espírita fizesse acordos para uma reunião entre ele e e Saul? 

5- Pense também nisto: Deus tinha se negado a dar informação à Saul (1 Sm 28:6), então, poderia uma médium espírita obrigar à Deus a dar uma mensagem a Saul através do falecido Samuel?

6- E se os vivos pudessem realmente comunicar-se com os mortos, então, por que Deus proíbe isso na sua palavra e o considera uma prática imunda? "Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram entre dentes; - não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos?"(Isaías 8:19).

7- Alguns argumentam que este espírito tem que ter sido o profeta Samuel já que tudo o que ele disse se cumpriu e que Satanás fala mentiras ou mistura a verdade com a mentira, mas nunca diz a verdade. Porém, isso não procede, se tivermos em conta o relato bíblico registrado em Atos 16:16-17: "E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo." Está claro que esta moça tinha espírito de adivinhação e este espírito não disse uma mentira ou uma meia verdade, mas a pura verdade, que Paulo e Silas eram servos de Deus que anunciavam o caminho da salvação. Então, esse argumento de que Satanás não pode dizer algo verdadeiro é totalmente falso. A pitonisa de Endor também era uma mulher que tinha espírito de adivinhação (1 Sm 28:7) e por meio desse espírito conseguiu predizer a morte de Saul (1 Sm 28:19 compare com 1 Sm 31:4-6).

8- Deus não poderia ter levantado nesse momento ao profeta Samuel para dar uma mensagem especial ao rei Saul, e não porque não possa fazê-lo, mas pela simples razão que Deus não pode contradizer sua palavra. Deuteronômio 18:10-14 diz:

"Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos, pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor, teu Deus, as lança fora de diante de ti. Perfeito serás, como o Senhor, teu Deus. Porque estas nações que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor, teu Deus, não permitiu tal coisa."

Deus pode fazer o que quiser, e ele perfeitamente pode fazer voltar à vida um morto, em alguma circunstância especial, para dar uma mensagem a alguma pessoa, mas não utilizando o que ele mesmo condena na sua Palavra: a bruxaria, a adivinhação e o espiritismo.

("La Aparición de Samuel.1 Samuel 28:7-20", de Henry Jaimes Martínez da Colômbia).

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Significado de Olam e Aionios (Parte III)

. O que significa a condenação eterna (aionios)?

Quando se fala da natureza da condenação eterna (aionios) é eterna porque provém de Deus que é eterno e os resultados são eternos: Destruição eterna.

Mateus 18:8 Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno (aiónios).

Mateus 25:41 Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno (aiónios), preparado para o diabo e seus anjos; 46 E irão estes para o castigo eterno (aiónios), mas os justos, para a vida eterna (aiónios).

Marcos 3:29 Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo.

2 Tessalonicenses 1:9 os quais, por castigo, padecerão eterna (aiónios) perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder;

Judas 7 Assim como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se corrompido como aqueles e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno (aiónios).

Alguns interpretam mal estes textos bíblicos anteriormente citados, argumentando que o fogo e condenação eterna (aionios) refere-se ao inferno de fogo eterno onde as almas sofrerão castigo por toda a eternidade. Contudo, essa exegese não é correta se tivermos em conta estes aspectos:

. Aionios não significa somente eterno, mas também perpétuo (que dura muito tempo), tempo obscuro, indefinido e indeterminado. Mesmo se insistissêmos em traduzir aionios como eterno (ainda que já demostramos que não é a única definição), deduz-se que o fogo ou a condenação seria, então, eterna porque procede de Deus que é eterno.
. A palavra de Deus não pode se contradizer. A condenação como inferno de fogo eterno contradiz as próprias palavras de Jesus. 

"Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá eternamente .Crês nisto? " (João 11:25-26).

De fato, até a própria palavra inferno é uma tradução distorcida do termo.A Grande Concordância de Strong traduz a palavra geena da seguinte maneira:

1067. géena; de orig. heb.[1516 e 2011]; vale do (filho) de Hinon; gehena (ou Ge-hinon), vale de Jerusalém, usado (fig) como nome do lugar (ou estado) de castigo eterno:- inferno.

Então, as bíblias que traduzem para o português a frase inferno de fogo eterno, a estão traduzindo mal. A verdadeira tradução é a geena de fogo perpétuo. Diante disto, a Bíblia de Jerusalém e a versão Novo Mundo tem sido muito honestas ao traduzir esta expressão corretamente: a geena ou a geena de fogo (Mateus 5:22, 29-30; 10:28, 18:9, Marcos 9:43, 45, 47; Lucas 12:5, Tg 3:6). E o que era a geena? Era o vale de Hinon que estava localizado fora dos muros de Jerusalém. Nos tempos dos reis apóstatas de Israel foi um lugar de adoração idólatra onde sacrificavam-se os filhos a Moloque. Na época de Jesus a geena tornou-se no incinerador do lixo e da imundície de Jerusalém. Também lançavam-se ali os cadáveres de animais e de criminosos que não eram dignos de ser sepultados numa tumba. Neste lugar era jogado fogo e enxofre para facilitar a combustão. Contudo, alguns cadáveres não eram alcançados pelas chamas, e assim enchiam-se de vermes. Na época de Jesus jamais se lançaram pessoas vivas na geena, de modo que não poderia se interpretar como um lugar de tormento eterno e consciente. Quando Jesus empregou esta palavra geena, se referia ao futuro lago de fogo e enxofre, onde os ímpios serão destruídos de corpo e alma, em outras palavras, da segunda morte da qual não há ressurreição. Nunca jamais referiu-se a um inferno de fogo eterno, expressão mal traduzida por muitas versões bíblicas tendenciosas à esta falsa doutrina.

Pela análise anterior se pode deduzir que a tradução de geena aionios como inferno de fogo eterno é incorreta quando se fala da condenação. Então a tradução que mais se encaixa com o texto e o contexto bíblico é geena ou geena de fogo.

. O que significa a expressão vida eterna (aionios)?

Quando aionios é usado para a vida dos redimidos, indica um tempo com começo, mas sem fim, o resultado do prêmio da imortalidade (Dn 12:2, Rm 2:7). Citaremos alguns versículos que contêm a frase vida eterna (aiónios).

João 6:47 Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna (aiónios).

João 10:28 E dou-lhes a vida eterna (aiónios), e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos.

Marcos 10:30 que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições, e, no século futuro, a vida eterna (aionios).

Lucas 18:30 e não haja de receber muito mais neste mundo e, na idade vindoura, a vida eterna (aiónios).

Atos 13:48 E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna (aiónios).

Romanos 5:21 para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna (aionios), por Jesus Cristo, nosso Senhor.

Gálatas 6:8 Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna (aionios).

1 João 5:11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna (aiónios); e esta vida está em seu Filho.

Todos estes versos bíblicos, principalmente João 10:28, indicam claramente que essa vida eterna terá um princípio, mas não terá fim.

. Objeção dos líderes do protestantismo

A objeção mais comum que os pastores infernistas evangélicos, pentecostais e carismáticos apresentam com a definição de aionios é que se o castigo não é eterno então a vida tampouco é eterna. Isto está em Mt 25:46 onde o castigo aionios se põe em contraste com a vida aionios. "E irão estes para o castigo eterno (aionios), mas os justos, para a vida eterna (aionios)." 

O argumento que espremem estes líderes do protestantismo é que, se aionios na expressão vida eterna significa vida sem fim, portanto, o castigo eterno deve significar um castigo sem fim. Assim, chegam à conclusão que, se o castigo é limitado, a vida deve ser também limitada já que a duração de cada uma (vida e condenação) é expressa pela mesma palavra aionios. Ainda que este raciocínio sobre uma perspectiva humana pareça lógico, basea-se na má tradução da palavra "aionios".  

O "aionios" que se aplica ao castigo, pertence a um período de tempo indefinido no qual Deus estará pagando a cada ímpio segundo suas obras (Dn 12:2, Rm 2:6). Contudo, o castigo será sim eterno, pois resultará na destruição eterna dos ímpios. 

Além disso, a palavra traduzida por castigo é a palavra grega Kolasis que significa "poda, decepamento, corte" (emphatic diaglott - Diaglotón enfático). O castigo eterno ou Kolasis Aionios seria então um castigo com um começo e um final: a morte ou destruição eterna. O fato de que o castigo tenha um limite de nenhuma maneira tira sua severidade, é um castigo que está além da nossa compreensão: "Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para os que caíram, severidade; mas, para contigo, a benignidade de Deus, se permaneceres na sua benignidade, de outra maneira, também tu serás cortado."(Rm 11.22).

. Conclusão

O significado correto da palavra hebraica Olam e da palavra grega Aionios depende do texto e do contexto bíblico no qual se aplicam. Quando se refere a Deus significa "eterno" em sentido absoluto, sem começo nem fim, porque Deus sim que é eterno (Gn 21:33). Em outros contextos pode significar um princípio sem fim (vida eterna), ou um princípio e um fim (o serviço de Samuel no templo, 1 Sm 1:22); "perpétuo" poderia ser uma tradução válida entendendo que Olam e Aionios também indicam um período de longa duração ou de duração indefinida cujos limites são desconhecidos e indeterminados.

Em cada caso que se use as palavras olam e aionios é a natureza do objeto ou a circunstância que se descreve como "eterno", "perpétuo", ou "tempo indefinido" o que determina o conceito de duração de aionios. É necessário ressaltar, então, que olam e aionios adquirem uma significação absoluta ou relativa de acordo com o contexto bíblico. Portanto, os líderes do protestantismo que argumentam que olam e aionios só significam eterno: ou desconhecem os outros significados destas palavras, ou mentem de propósito para justificar a crença num inferno de fogo eterno, uma das doutrinas mais falsas e que mais tem enriquecido aos pastores avarentos das igrejas apóstatas.

("Significado de Olam y Aionios", de Henry Jaimes Martínez de Colômbia).

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Significado de Olam e Aionios (Parte II)

. Com respeito a Deus olam e aionios implicam um tempo sem princípio nem fim

Quando a palavra olam alude a Deus e a sua natureza adquire um significado absoluto, de modo que pode-se traduzir perfeitamente por eternidade ou eternamente como podemos ver claramente nestes versículos:

Salmos 90:2 Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade (olam) a eternidade (olam), tu és Deus.

Salmos 9:7 Mas o Senhor está assentado perpetuamente (olam); já preparou o seu tribunal para julgar.

Salmos 10:16 O Senhor é Rei eterno (olam); da sua terra serão desarraigados os gentios.

Quando se fala do trono eterno (reino, reinado ou governação real) de Deus o Pai e de Jesus Cristo significa sem princípio e sem fim.

Salmos 93:2 O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade (olam).

Salmos 45:6 O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade.

Hebreus 1:8 Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino.

Observe que o reinado de Jesus Cristo também é eterno (olam), já que no Salmo 45:6 mencionado acima se fala do trono de Jeová, e se diz que tal trono é Eterno (olam), e em Hebreus 1:8 esta passagem se aplica à Jesus Cristo, ao qual se chama Deus!
O trono de Deus e de Jesus Cristo no céu é eterno. Em Isaías 6 o profeta Isaías viu ao Senhor Jeová dos exércitos no céu sentado em seu trono, porém, quem Isaías viu é Jesus Cristo! Já que a Deus o Pai, ninguém jamais o viu (Jo 1:18), e o próprio apóstolo João disse bem claro que nessa visão que teve o profeta Isaías de Jeová sentado em seu trono no céu era o próprio Senhor Jesus (Jo 12:41). Isto é, o Senhor Jesus Cristo é o mesmíssimo Jeová dos exércitos mencionado centenas de vezes na Bíblia, e obviamente Jeová dos exércitos jamais foi criado pelo Deus Pai, mas que é um Deus eterno (olam), nunca teve princípio e nunca terá fim!! O mesmo com seu reinado, jamais teve princípio e nunca terá fim.

O Senhor Jesus também se sentará em seu próprio trono glorioso aqui na terra quando vier do céu para reinar sobre as nações. Tal trono futuro de Cristo na terra, em Israel, é o trono de Davi seu antepassado. O anjo de Deus disse o seguinte:

Lucas 1:32 Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, 33 e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim.

Deus o Pai dará a Jesus esse trono terreno, o trono de Davi, e quando Jesus se sentar nesse seu trono aqui na terra, então o reinado de Cristo jamais terá fim, e se nunca terá fim, significa que seu reino não durará somente mil anos, como ensinam as "Testemunhas de Jeová".
Se o futuro reinado de Cristo na terra no trono de Davi durará só mil anos, então o anjo teria mentido quando disse que seu reino nunca terá fim!! No livro do Apocalipse se diz que depois do milênio o trono de Deus e do cordeiro (Cristo) continuará existindo na Nova Jerusalém celestial:

Apocalipse 22:1 E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. 3 E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão.

O texto diz claramente, o trono de Deus e do Cordeiro, indicando assim que o trono do Pai e do Filho continuará existindo para sempre, pelos séculos dos séculos.O trono é do Pai e do Filho, é um só trono no qual estarão sentados os dois.
Portanto, essa doutrina que muitos ensinam de que o trono e o reinado de Cristo é somente provisório, e que tal trono e reinado de Cristo deixará de existir no final do milênio, é uma falsa doutrina.
O trono de Cristo é eterno, jamais teve princípio e jamais terá fim, assim como temos visto.Seu reinado em seu trono nunca terá fim, tal como disse bem claro o anjo (Lc 1:33), porque o trono de Deus e de Cristo continuarão existindo na Nova Jerusalém, por todos os séculos, e por isso é que a passagem diz que eles governarão pelos séculos dos séculos (Ap 22:5).

Muitos que ignoram a verdadeira doutrina cristã dizem que o que é eterno é o reinado de Cristo, mas não Cristo, isso é uma das maiores mentiras que se pode dizer. Desde quando pode existir um reinado sem o Rei? Não pode existir o reino de Cristo sem Cristo!!
Se o reinado de Cristo é eterno (olam), então seu trono também é eterno e nunca deixará de existir! Por isso é que o anjo disse que ele se sentará sobre o trono de Davi e seu reino não terá fim, indicando assim que seu trono e seu reino não é provisório, mas eterno.

Os que negam a eternidade do trono e reinado de Cristo sempre citam a seguinte passagem do apóstolo Paulo:

1 Coríntios 15:24 Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força. 25 Porque convém que reine a(jéos) que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. 27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés.Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que sujeitou todas as coisas. 28 E, quando todas as coisas estiverem sujeitas, então, também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.

Primeiro, é necessário entender o significado da preposição grega traduzida em português até (jéos). A Nova Concordância de Strong a define assim:

2193.jéos; de afin. incerta; conjunc. prep. e adv.de continuação, até (de tempo e lugar):- enquanto, entretanto, para, até.

A palavra grega jéos (até) é uma preposição e advérbio de continuação cujo significado não muda por mais que se una com uma conjunção. Para ilustrar melhor o tema, tem que começar entendendo que uma conjunção é a parte da oração que serve para unir dois ou mais elementos. A conjunção permite unir orações e estabelecer uma relação entre elas. A palavra jéos em 1 Co 15:25 é ali uma conjunção porque permite ligar a primeira e a segunda frase.Vejamos:
1 Co 15:25 Porque convém que reine (Jesus Cristo) até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.

É bom esclarecer que neste texto dizer que Jesus reine "até" não significa que não vai reinar depois. Temos que ser honestos com a Bíblia e não fazê-la dizer o que não diz. Aqui o apóstolo Paulo simplesmente quer fazer ênfase e deixar bem claro que Jesus reinará até que haja posto a seus inimigos por debaixo de seus pés, mas em nenhum momento afirma que ele não reinará depois.
Há muitas passagens onde esta mesma palavra grega jéos é utilizada que podem esclarecer-nos que até não implica em uma mudança posterior de estado, entre estas temos:

Mateus 28:20 e eis que eu estou convosco todos os dias, até (jéos) à consumação dos séculos.Amém!

Esta passagem significa que Jesus não estará conosco depois do fim do mundo? Não, a passagem não diz isso, só está fazendo uma ênfase especial de que ele não nos abandonará até o fim do mundo. Temos aqui outro exemplo:

1 Timóteo 6:14 que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até (jéos) à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo;

Este texto significa que não guardaremos os mandamentos depois da segunda vinda de Jesus? Não, o texto não diz isso, apenas está fazendo uma ênfase especial de que seremos obedientes até a vinda do Senhor Jesus.

Então, o que significa a expressão "Porque convém que (Jesus) reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés"? Se lemos bem esta passagem, nela não se diz em nenhuma parte que Cristo deixará de reinar. O que diz o texto é que é necessário que Cristo reine até (jéos) que haja posto a todos seus inimigos por estrado de seus pés, isto é, quando todos seus inimigos estejam vencidos, então Cristo entregará o reino a Deus o Pai, isto é, entregará o governo ou Reinado supremo ao Deus Supremo, o Pai, mas o texto não diz que Jesus deixará de reinar, já que se fosse assim, então o anjo haveria mentido quando disse que seu reinado jamais terá fim (Lc 1:33), e igualmente a passagem do Apocalipse não falaria do trono de Deus e de Cristo na Nova Jerusalém depois do milênio. Jesus simplesmente, no final do milênio, entregará o governo ou reinado supremo ao Pai, mas a passagem não diz em nenhuma parte que Jesus abdicará do trono deixando de reinar!!!

Depois de ascender ao céu, Jesus sentou-se no trono de Deus Pai, à sua direita:

Apocalipse 3:21 "Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono."

Esse trono de Deus no céu é também o trono de Cristo, tal como diz o Apocalipse, desde o céu estão reinando o Pai e o Filho, e quando Jesus voltar do céu à terra, então se sentará em seu próprio trono glorioso aqui na terra, para julgar às nações (Mt 25:31-34), e esse será o trono de Davi (Lc 1:33, 44) donde Cristo reinará desde a terra e todo o mundo.

Portanto, Cristo têm dois tronos: o trono, governo ou reinado supremo do Pai no céu, que também é o trono de Cristo, e quando ele vier do céu lhe será dado o trono terreno de Davi seu antepassado, e a partir desse trono terreno governará a todas as nações, e seu reino ou governo não terá fim, tal como disse o anjo.

Consequentemente, o reinado do Pai e de Cristo é eterno, o trono do filho no céu é eterno (Hb 1:8), e esse mesmo trono celestial e eterno de Cristo no céu é também o trono do Deus Pai, onde o Pai e o Filho se sentam, pois segundo o Apocalipse é o trono eterno de Deus e de Cristo.

("Significado de Olam e aionios", de Henry Jaimes Martínez de Colômbia).

Significado de Olam e Aionios (Parte I)

Ao longo dos séculos tem surgido muitas versões bíblicas que tentaram, de uma ou outra forma, traduzir para nosso idioma as escrituras hebraicas e gregas da Bíblia. Sempre esperamos que uma versão traduza correta e fielmente as palavras do idioma original hebraico ou grego para a nossa língua. Como leitores da Bíblia queremos ter a plena convicção que cada palavra reflita o significado exato em nosso idioma. Contudo, muitas bíblias são traduções bíblicas de outras traduções e, portanto, os tradutores não traduzem fielmente os significados e conceitos originais dos escritores da Bíblia. Isto tem gerado erros de tradução, surgimento de falsas doutrinas religiosas e fanatismo em centros religiosos que impedem que a luz da verdade ilumine em nossas mentes e corações.

Outras traduções bíblicas para o português não são traduções fiéis ao texto mas interpretações dos tradutores, isto é, não traduzem, mas interpretam para o leitor, e isto faz com que muitas pessoas se tornem dependentes do tradutor chegando a crer como verdade o que o tradutor interpreta mas não o que a Bíblia realmente ensina. E isso faz com que muitas pessoas ainda creiam em doutrinas falsas como o inferno de fogo eterno ou em doutrinas que já não se aplicam para o cristianismo bíblico como o sábado, o sacerdócio, a circuncisão, etc.

Duas das palavras que mais tem sido maltratadas, pervertidas e mal traduzidas nas bíblias antigas e modernas são a palavra hebraica olam e a palavra grega aionios, quase sempre traduzidas: eterno, perpétuo, para sempre, pelos séculos dos séculos.Isto originou uma crença falsa no tocante ao destino da humanidade ímpia: o inferno de fogo eterno.  

Este estudo está focado em descobrir os múltiplos significados que adquirem as palavras olam e aionios de acordo com o texto e o contexto bíblico, o significado relativo e absoluto destas palavras com exemplos bíblicos, e responde a uma objeção manifestada pelos líderes do protestantismo com respeito a natureza do significado destes dois termos.

.Significado das palavras Olam e aionios

É muito importante conhecer o significado exato da palavra hebraica olam e da palavra grega aionios para fazer uma interpretação hermenêutica e exegética apropriada de acordo com o contexto bíblico em que são utilizadas, e dessa maneira, evitar cair em doutrinas heréticas como o "inferno de fogo eterno" pelo desconhecimento de seus significados.
Para este estudo tomei dois dicionários bíblicos bem reconhecidos e utilizados pela cristandade evangélica e católica: Concordância Bíblica de Strong e a Enciclopédia da Bíblia de Edições Garriga S.A. segunda edição 1969.
A Nova Concordância de Strong define a palavra Olam da seguinte maneira:

5769.olám; de 5956; prop. escondido, i.e.ponto de desaparição; gen.tempo fora da mente (pas.ou fut), i.e.(praticamente) eternidade; frec.adv. (espec. com prep. pref). sempre:- antiguidade, antigo, contínuo, eternamente, eternidade, eterno, largo, (princípio do) mundo, passar, perdurável, permanecer, perpetuamente, perpetuar, perpétuo, perseverar, sempiterno, para sempre, século. Comp. 5331, 5703.

A palavra aionios a Nova Concordância de Strong a define assim:

166 ai aiónios; de 165; perpétuo (também usado do tempo passado, ou passado e futuro igualmente):- sempiterno, século, eterno.

A Enciclopédia da Bíblia de edições Garriga S.A segunda edição 1969 (Enciclopédia de tendência católica) define a palavra Olam da seguinte maneira:

"Olam na linha de duração, indica tempos indeterminados, remotos, obscuros, seja do passado ou do porvir, a duração da vida de um homem e uma longa extensão de tempo para chegar a designar a duração indefinida..."

. Perpétuo (Olam) como período de longa duração ou tempo indefinido

A palavra hebraica olam, de acordo com alguns contextos bíblicos e os significados dados pelas enciclopédias, é um termo bíblico que denota um período de longa duração, sempre em um sentido relativo com respeito a natureza das circunstâncias ou condições descritas pela expressão. Exemplos:

Números 25:13 E ele e a sua semente depois dele terão o concerto do  sacerdócio perpétuo; (olam) porquanto teve zelo pelo seu Deus e fez propiciação pelos filhos de Israel.

Hebreus 7:12 Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.

Observem que, apesar de que no Antigo Testamento se dizia que o sacerdócio levítico era perpétuo, no Novo Testamento declara que chegou ao final, porque foi substituído pelo sacerdócio de Jesus. Então, perpétuo nem sempre significa eterno, mas também um período de longa duração.

Gênesis 17:13 Com efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; e estará o meu concerto na vossa carne por concerto perpétuo.

1 Coríntios 7:19 A circuncisão é nada, e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos mandamentos de Deus.

Gálatas 5:6 Porque, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem incircuncisão têm virtude alguma, mas, sim, a fé que opera por amor.

Ainda que a circuncisão fosse considerada um pacto perpétuo, nós cristãos já não estamos sob este mandamento porque já chegou ao fim.
Assim, tendo em conta que tanto o sacerdócio como a circuncisão eram pactos perpétuos, não eram de tudo eternos, já que foram abolidos quando veio a Igreja cristã. Então, nestes dois casos o termo olam não deveria traduzir-se por perpétuo devido a conotação de eternidade que o leitor moderno têm sobre essa palavra, sendo melhor entendida como tempo indefinido.

. Olam (perpétuo) pode ter princípio e ter fim

A qualidade de duração indefinida, mas porém finita de ôlam é claramente evidente em algumas passagens da Bíblia.

1 Samuel 1:22 Porém Ana não subiu, mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então, o levarei, para que apareça perante o Senhor e lá fique para sempre (olam).

Naturalmente que Samuel esteve no serviço do templo para sempre, isto é, até o dia em que ele morreu. Então, neste contexto a palavra olam adquire um significado relativo já que tem um princípio (quando Ana apresentou seu filho no templo e o deixou ali) e um final (quando Samuel morreu).

Êxodo 21:6 Então, seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta, ou ao postigo, e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e o servirá para sempre (olam).

Aqui para sempre traduz-se da palavra hebraica olam. No contexto do capítulo 21 se explica que um escravo que serviu a seu senhor por seis anos, mas ao finalizar-se esse período escolhe voluntariamente unir-se a seu amo para dali em diante o servir "para sempre", pode fazê-lo. Obviamente, aqui ôlam tem princípio e tem fim; especifica-se o princípio, e o fim de seu serviço supõe-se que terminará com a morte do escravo. 

("Significado de Olam y Aionios", de Henry Jaimes Martínez de Colômbia)

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Dízimo monetário vs Ofertas para os santos (Parte II)

21. Que deveriam fazer os israelitas se estivessem muito longe do lugar escolhido por Deus para levar os dízimos?

Deuteronômio 14:24 E, quando o caminho te for tão comprido, que os não possa levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o Senhor, teu Deus, para ali pôr o seu nome, quando o Senhor, teu Deus, te tiver abençoado, 25 então, vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o Senhor, teu Deus. 26 E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que pedir a tua alma; come-o ali perante o Senhor, teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa;

Se nota claramente que os israelitas que estavam longe não estavam na obrigação de levar o dízimo aos levitas. Por exemplo, os agricultores vendiam seus produtos pelo caminho e com esse dinheiro compravam animais e bebidas, comiam e faziam festa.
Por que as igrejas da cristandade não aplicam este mesmo princípio quando fazem congressos regionais ou nacionais? Por que os pastores não isentam de pagar o dízimo a essas pessoas que vem de longe, que além de pagar hotel e alimentação, tem que dar o dízimo na igreja? Supondo que fosse necessário dizimar hoje em dia, por que não fazê-lo tal como foi ordenado na lei de Moisés, com o mesmo propósito e da mesma maneira?

22. Onde se guardava os dízimos que se separava cada três anos para o levita, o estrangeiro, o órfão e a viúva?

Deuteronômio 14:27 Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo. 28 Ao fim de três anos, tirarás todos os dízimos da tua novidade no mesmo ano e os recolherás nas tuas portas. 29 Então, virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em toda a obras das tuas mãos, que fizeres.

Se o dízimo anda estivesse vigente, por que os pastores da cristandade não recolhem um dízimo de cada três anos e o dividem com as viúvas, órfãos e estrangeiros? Por que retêm para eles mesmos o que também pertence a essas pessoas?

23. Aboliu Jesus Cristo o dízimo durante seu ministério terreno?

A resposta é não. Ele nasceu sob a lei de Moisés e a cumpriu com perfeição. Assim que enquanto esteve em vigor a lei de Moisés, Jesus não se opôs ao dízimo.

Gálatas 4:4 Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei

Lucas 11:42 Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda hortaliça e desprezais o Juízo e o amor de Deus! Importava fazer essas coisas e não deixar as outras. 

Mateus 5:17 Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim abrogar, mas cumprir. 18 Porque em verdade vos digo que até que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.

Hebreus 9:14 Quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito Eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? 15 E, por isso, é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. 16 Porque, onde há testamento, necessário é que intervenha a morte dos testador. 17 Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?

Ao ler todos estes textos bíblicos podemos deduzir que Cristo nasceu sob a lei, portanto, durante seu ministério terreno devia obedecê-la até sua morte. Depois de sua morte o novo pacto entra em vigor, e fica abolida a lei de Moisés (na qual aparece o dízimo).

24. Ensinou Jesus em Mateus 23:23 que nós cristãos devemos dizimar com justiça, misericórdia e fé?

Mateus 23:23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas.

Se seguíssemos o a argumento criado na pergunta que nós cristãos devemos dizimar com justiça, misericórdia e fé, segundo esta mesma premissa muitos também poderiam argumentar que Jesus Cristo está condenando aos escribas e fariseus por dizimar. Mas nem uma coisa nem outra é a intenção de Jesus ao pronunciar estas palavras.
No contexto há muitas acusações que Jesus faz contra os escribas e fariseus: fechar o reino dos céus diante dos homens (Mt 23:13), devorar as casas das viúvas (Mt 23:15), etc.

Ao analisar o contexto, nos damos conta de que Jesus Cristo está se dirigindo aos fariseus e aos escribas (não a seus apóstolos que representavam a Igreja cristã). E somente à eles (os escribas e fariseus), é para quem se diz que é necessário dizimar sem esquecer da justiça, da misericórdia e a fé.

25. Jesus deu a entender que devemos dar o dízimo aos pastores da cristandade porque ele disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus?

Novamente devemos buscar a resposta no contexto.

Mateus 22:15 Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam em alguma palavra. 16 E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas à aparência dos homens. 17 Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar o tributo a César ou não? 18 Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? 19 Mostrai-me a moeda e o tributo.E eles lhe apresentaram um dinheiro. 20 E ele disse-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? 21 Disseram-lhe eles: De César. Então, ele lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus. 22 E eles, ouvindo isso, maravilharam-se e, deixando-o, se retiraram.

O contexto diz claramente que foram os fariseus e herodianos os que queriam submeter Jesus à prova com essa pergunta, para ver se conseguiam acusá-lo de sedição contra o governo romano. Contudo, Jesus conhecia a malícia da pergunta e lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. Com esta resposta deixou-lhes claro que eles deviam não apenas pagar tributos ao império romano, mas também dar o que pertence a Deus (dízimos, ofertas, primícias). Porém, devemos notar que o contexto não diz que estas palavras estão se dirigindo aos apóstolos (que representam a Igreja cristã) mas aos fariseus e os herodianos. Portanto, citar Mateus 22:21 para justificar o dízimo no cristianismo é tirar o que Jesus disse do contexto, para favorecer uma doutrina que não se aplica aos cristãos.

26. O dízimo foi abolido no novo pacto?

Sim. O dízimo era parte da lei mosaica, portanto, já não se aplica aos cristãos.

Hebreus 7:8 E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. 9 E, para assim dizer, por meio de Abraão até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. 10 Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai, quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro. 11 De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? 12 Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.

Romanos 6:14 Pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.

Durante a igreja cristã apostólica, alguns judeus e fariseus aceitaram o cristianismo, mas começaram a ensinar que os cristãos gentios tinham que circuncidar-se e guardar a lei de Moisés para serem salvos.

"Então, alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos.Alguns, porém, da seita dos fariseus que tinham crido se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés." (Atos 15.1, 5).

Atos 15:6 Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. 7 E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Varões irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho e cressem. 8 E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; 9 e não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o seu coração pela fé. 10 Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar? 11 Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também.

Atos 15:20 Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue.

Atos 15:28 Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: 29 Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá.

No concílio de Jerusalém que foi liderado pelos apóstolos, principalmente por Pedro e Barnabé guiados pelo Espírito Santo, chegaram a resolução que os cristãos gentios não tinham que circuncidar-se nem guardar a lei de Moisés (incluindo o dízimo, que fazia parte dessa lei), somente tinham que se absterem do sacrificado aos ídolos, de sangue, sufocado e da imoralidade sexual.

27. Se os levitas só recebiam o dízimo dos israelitas uma vez por ano, e a cada três anos para dividi-los com as viúvas, órfãos e estrangeiros, então, do que viviam durante o resto do ano?

Os levitas também tinham outras fontes de sustento: as ofertas e as primícias. Vejamos:

Números 18:8 Disse mais o Senhor a Arão: E eu, eis que te tenho dado a guarda das minhas ofertas alçadas, com todas as coisas santas dos filhos de Israel; por causa da unção que tenho dado a ti e a teus filhos por estatuto perpétuo. 9 Isto terás das coisas santíssimas do fogo: todas as suas ofertas, com todas as suas ofertas de manjares, e com todas as suas expiações do pecado, e com todas as suas expiações da culpa, que me restituírem; elas serão coisas santíssimas para ti e para teus filhos. 10 No lugar santíssimo o comerás; todo varão o comerá; santidade será para ti. 11 Também isto será teu: a oferta alçada dos seus dons com todas as ofertas movidas dos filhos de Israel; a ti, a teus filhos, e as tuas filhos contigo, as tenho dado por estatuto perpétuo; todo o que estiver limpo na tua casa as comerá. 12 Todo o melhor do azeite e todo o melhor do mosto e do grão, as suas primícias que derem ao Senhor, as tenho dado a ti. 13 Os primeiros frutos de tudo que houver na terra, que trouxerem ao Senhor, serão teus; todo o que estiver limpo na tua casa os comerá.

Ao analisar estes textos bíblicos podemos concluir que os levitas não somente viviam dos dízimos mas também das ofertas e das primícias. Então, como o dízimo o recebiam só uma vez por ano, o resto do ano se sustentavam com as ofertas e as primícias dadas pelo povo.

28. Os levitas deviam dizimar?

Números 18:26 Também falarás aos levitas e dir-lhes-ás: Quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel, que eu deles vos tenho dado em vossa herança, deles oferecereis uma oferta alçada ao Senhor: o dízimo dos dízimos. 27 E contar-se-vos-á a vossa oferta alçada como grão da eira e como plenitude do lagar. 28 Assim também oferecereis ao Senhor uma oferta alçada de todos os vossos dízimos, que receberdes dos filhos de Israel, e deles dareis a oferta alçada do Senhor a Arão, o sacerdote.

Os levitas também tinham que dizimar e oferecer do que recebessem de dízimos. Contudo, poucos líderes do protestantismo aplicam este princípio em suas igrejas. A maioria deles, guarda para si o dízimo, mas muitos pastores não dão o dízimo dos dízimos, como se eles não tivessem que aplicar também a lei que eles mesmos impõem com dureza e arrogância.

29. Ensinaram os cristãos da era apostólica a dizimar?

Não. Eles nunca ensinaram a dizimar.Alguns líderes da cristandade citam Hebreus 7:1-10 para argumentar que o apóstolo Paulo ensinou a dizimar. Contudo, o propósito do apóstolo Paulo ao escrever esta carta aos Hebreus não era ensinar a dizimar, mas provar que o sacerdócio de Melquisedeque era superior ao sacerdócio levítico e que, consequentemente, o sacerdócio de Cristo também é superior ao dos levitas.

30. Dizimavam os apóstolos e os membros da igreja primitiva?

Não. Não há nenhum registro bíblico que evidencie que os apóstolos ou os cristãos dizimaram. Se nós cristãos estivéssemos na obrigação de dizimar, então, os evangelhos e as cartas do Novo Testamento teriam orientações claras até da forma como se deveria dizimar. Cristo tampouco estabeleceu em sua igreja algum sacerdócio especial que os membros tivessem que sustentar através de dízimos, mas que constituiu a todos os membros de sua igreja "reis e sacerdotes" (1 Pedro 2:5, Apocalipse 1:6).
Aliás, como já demonstramos anteriormente, aos cristãos gentios não foi exigido guardar a lei de Moisés (incluindo o dízimo) para se salvarem, só deviam se abster do sacrificado aos ídolos, de sangue, do sufocado e de fornicação; se guardassem estas coisas, bem faziam (Atos 15:28-29).

31. A Bíblia aprova que um cristão dedique todo o seu tempo a obra de Deus?
Vejamos o que diz a Palavra de Deus:

1 Coríntios 9:13 Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar participam do altar? 14 Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.

Sim. Aqui demonstra-se que em algumas ocasiões Deus aprova que os ministros se dediquem a anunciar o evangelho e sejam sustentados pela igreja.Algumas vezes, o apóstolo Paulo recebia "salário" (2 Coríntios 11:8), e sempre defendia o direito dos obreiros no Reino espiritual de receber sustentação material (1 Co 9:1-15, 2 Ts 3:6-10, Fp 2:25-30, 4:10-20, 1 Tm 5:17-18). Em outras ocasiões, o apóstolo Paulo trabalhava com suas próprias mãos para "não pormos impedimento algum ao evangelho"(1 Co 9:12), ou "para não sermos pesados a nenhum de vós" (2 Ts 3:8).Tudo isso indica que um ministro pode trabalhar secularmente e servir na igreja, ou pode servir ao evangelho e ser sustentado pela igreja.

32. Se nós cristãos já não somos obrigados a dizimar, então, como se sustenta economicamente a obra dos santos ministros dedicados a pastorear igrejas?

Através da oferta para os santos.

1 Coríntios 16:1 Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. 2 No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não façam as coletas quando eu chegar.
Há alguns elementos que seria apropiado analisar: "No primeiro dia da semana", isto é, cada domingo, não cada vez que tenha culto. "Cada um", todos os cristãos, não apenas alguns." Ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade", aqui não diz separar o dízimo, mas o que puder ajuntar. Quanto? "Conforme sua prosperidade".

33. São as ofertas para os santos só para os que pastoream as igrejas?

Os fundos arrecadados eram destinados para suprir as necessidades dos santos que anunciavam o evangelho (Fp 4:16), mas também utilizavam-se para ajudar os santos que tinham poucos recursos.

Romanos 15:26 Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém.

Além disso, os cristãos colaboraram com a hospedagem dos ministros da Palavra, cooperando com eles e encaminhando-os para que continuassem suas viagens missionárias (3 Jo 5-8, At 6:14-12, 18:1-3, 7). Da mesma maneira, a igreja deve atuar hoje em dia oferecendo hospedagem aos santos que anunciam o evangelho. Algo que é importante ressaltar é que quando Jesus enviou aos doze apóstolos para pregar e logo aos 70 discípulos, nunca lhes ordenou que cobrassem dízimos para seu sustento, mas lhes disse que ficassem nas casas dos justos e que comessem o que lhes fosse posto diante deles. (Mt 10:5-15, Lc 10:1-12).

34. Que tipo de ofertas os cristãos da igreja primitiva davam no primeiro dia de cada semana?

É improvável que o apóstolo Paulo e seus colaboradores carregassem ofertas de víveres e gado aos lugares tão distantes aonde viajavam como Macedônia e Acaia. O mais factível é que fossem ofertas de dinheiro segundo se pode deduzir ao ler 2 Coríntios capítulos 8 e 9. As dádivas que os Filipenses enviaram à Paulo através de Epafrodito eram dinheiro (Fp 2:25-30, 4:10-20). Em troca, os dízimos dados por Israel eram de produtos agrícolas e de gado.

35. Que significa a expressão "outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário", em 2 Coríntios 11:8?

Significa que as outras igrejas deram ofertas à Paulo para cobrir suas necessidades materiais e para ajudar os irmãos de Corinto. Que diferença abismal podemos notar com a maior parte de líderes da cristandade de hoje em dia que vêem as almas como um negócio para aumentar seus lucros de acordo com o número de fiéis que há em suas igrejas!

36. Pode a Igreja sustentar com as ofertas a um santo que anuncie o evangelho e sua família?

1 Coríntios 9:5 Não temos nós direito de levar conosco uma mulher irmã, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? 6 Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?
De acordo com estes textos bíblicos, se pode sim fazer.Contudo, como foi explicado no ponto 31, também os ministros podem trabalhar secularmente para suprir as necessidades de seu lar.De fato, a Bíblia também diz: "Se alguém não quiser trabalhar, não coma também" (2 Ts 3:10). Assim que pode-se trabalhar anunciando o evangelho com o sustento da igreja ou servir na igreja sem salário, naturalmente com um trabalho secular para sustentar sua família.

37. Quem são os que administram as ofertas separadas "cada primeiro dia da semana" pelos cristãos que obedecem a lei de Cristo?

Os anciãos ou administradores de cada congregação. Na igreja primitiva não havia concílios que possuíssem das ofertas ou que exigissem o "dízimo dos dízimos".

38. Devido ao fato que o dízimo já não se aplica na lei de Cristo, então significa que nós cristãos devemos ser mesquinhos com as ofertas para ampliar a obra de Deus?

2 Coríntios 8:12 Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem e não segundo o que não tem.

2 Coríntios 9:6 E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância em abundância também ceifará. 7 Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.

O cristão deve dar conforme sua prosperidade (1 Co 16:2). Mas se uma pessoa de recursos escassos chega à igreja e não pode dar uma oferta generosa, nem por isso se pode excluí-la, criticá-la, difamá-la, menosprezá-la, censurá-la, discipliná-la nem muito menos lhe tirará a oportunidade de participar em cargos dentro da igreja.

39. Como o cristão verdadeiro pode fazer tesouros no céu?

Mateus 6:19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem, tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

O verdadeiro cristão faz tesouros no céu quando contribue para a obra do Evangelho com seu tempo, seus talentos e seus recursos, conforme Deus o tenha prosperado (1 Co 16:1-2) e também quando ajuda à seus irmãos necessitados (Rm 15:26)."E eu faço isso por causa do evangelho, para ser também participante dele."(1 Co 9:23).

40. Se os dízimos já foram abolidos na lei de Cristo, por que muitos autodenominados apóstolos, pastores, evangelistas e profetas continuam ensinando esta doutrina da antiga aliança, agora como dízimo monetário?

Para responder esta pergunta devemos classificar aos líderes pregadores de dízimos monetários em três tipos de pessoas:
I.Os líderes avarentos e gananciosos.

1. São falsos profetas e falsos mestres que ensinam heresias.

2 Pedro 2:1 E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. 2 E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade; 3 e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.

2. São "cobiçosos de torpe ganância"

1 Timóteo 3:3 Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento;

3. Como fundar uma igreja é um negócio rentável, aproveitam-se da necessidade espiritual das pessoas e tomam a piedade como causa de ganho.

1 Timóteo 6:5 "Cuidando que a piedade seja causa de ganho."

4. São mais amantes do dinheiro do que de Deus.

"Porque o amor ao dinheiro é a maior raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se transpassaram a si mesmos com muitas dores."(1 Timóteo 6:10).

5. São pseudo-apóstolos e pseudo-pastores que não querem edificar mas roubar a seus membros.

"E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração. Mas vós a tende convertido em covil de ladrões." (Mateus 21:13).

II. Os líderes que ignoram a verdade das Sagradas Escrituras.

1. Não aprenderam que a lei de Moisés da antiga aliança (incluindo o dízimo) já foi cravada na cruz.

"Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando a na cruz." (Colossenses 2:14).

2. Não sabem diferenciar entre o antigo pacto (a lei de Moisés) e o Novo pacto (a lei de Cristo).

"Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei." (Hebreus 7:12)

"O qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica." (2 Coríntios 3:6)

"Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei." (1 Coríntios 9:21)

"Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo."(Gálatas 6:2)

III. Líderes que conhecem esta verdade, mas preferem submeter-se às ordenanças de concílios de suas igrejas, ao invés de obedecer os mandamentos de Cristo e os apóstolos no Novo Testamento.

"Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens."(Mateus 15:9)

"Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus." (Romanos 10:2-3)

.Conclusão

O dízimo bíblico não é o dízimo monetário que exigem hoje em dia os autonomeados apóstolos e pastores da cristandade. O dízimo verdadeiro era a décima parte dos produtos agrícolas e gados.

Abraão não deu o dízimo de todo o despojo de guerra depois que Melquisedeque o abençoou, não, pelo contrário. Jacó fez um voto a Deus de dar dízimos por vontade própria, ainda que não fosse um mandamento legal.

A lei do dízimo foi sim um requisito da lei mosaica. Os levitas recebiam o dízimo porque eles não herdaram terras, então, Deus lhes deu o dízimo como herança. Porém, o dízimo não era dado semanalmente, nem mensalmente nem anualmente. Cada três anos celebravam-se o ano do dízimo e os levitas deviam dividir os dízimos com as viúvas, órfãos e estrangeiros. Da mesma maneira, os levitas se sustentavam os resto do ano com as ofertas que davam os israelitas.

Jesus Cristo não desaprovou o dízimo durante seu ministério terreno porque ele nasceu sob a lei de Moisés, e a cumpriu até sua morte. Depois da morte do testador, nosso Senhor Jesus Cristo, a lei de Moisés, da qual o dízimo fazia parte, foi abolida e se estabeleceu a nova aliança. Na resolução dada no concílio de Jerusalém, evidenciou-se que os cristãos gentios não estão obrigados a guardar a lei de Moisés, portanto, não são obrigados a dizimar.

Os apóstolos nunca ensinaram a doutrina do dízimo, mas da oferta para os santos ministros de Deus que se dedicavam a anunciar o evangelho de Deus. Também essa oferta era dada aos santos escassos de recursos.

Ainda que já não se exija que um cristão deva dar o dízimo, contudo, sabemos que Deus ama ao que dá com alegria e o que semeia pouco, pouco também colherá. Portanto, nós cristãos verdadeiros devemos dar conforme Deus nos tenha prosperado. 

("Diezmo monetario vs Ofrenda para los santos", do colombiano Henry Jaimes Martínez).