quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O golpe de estado que virou feriado

Hoje é feriado da "proclamação da república". É comemorado no país uma data que deveria ser esquecida, apagada da memória de nossa gente, o dia da traição, de um levante, um vergonhoso motim que a história vêm provando que nada de bom trouxe. Foi nesse dia que um velho e honesto imperador, patriota, que tanto amou o seu país e fez bem à ele, foi expulso de sua pátria vergonhosamente, como um criminoso e malfeitor qualquer. Os mercenários que tomaram o poder fizeram tudo secretamente, sem a participação e o apoio popular, fundando assim uma ilegítima e corrupta república, que nada de bom fez por este país.

O império do Brasil foi o primeiro e legítimo governo brasileiro, fruto do desejo da maioria, que via na monarquia uma forma de unificar o país e impedir que caísse nas sanguinárias disputas de poder, revoltas e ditaduras tão comuns  nos países da América espanhola. D. Pedro I foi reconhecido como imperador do Brasil, o novo monarca do país independente. O Brasil, na contra-mão de seus vizinhos hispânicos, manteria sua tradição monárquica, adotando a monarquia constitucional parlamentar, uma forma de governo não muito antiga e altamente democrática.

D. Pedro I unificou o país, promulgou a primeira constituição, de 1.824, que ainda que não fosse perfeita, era bastante satisfatória para os padrões da época. Reprimiu revoltas, não permitiu que uma terra tão extensa e único Brasil se dividisse. Devido à muitos problemas que enfrentava, abdicou do trono, deixando para seu filho e herdeiro a missão de governar um grande país, jovem mas com um futuro promissor.

O reinado de D. Pedro II foram os melhores anos para o Brasil. Ainda que nem tudo fosse perfeito e por mais que desejasse o imperador não pudesse abolir a escravidão, D. Pedro II procurou fazer um governo democrático, respeitando o povo, o parlamento e todos os cidadãos. D. Pedro II elevou o Brasil a quarta maior economia do mundo, a segunda e mais forte marinha de guerra, fez do Brasil um país respeitado internacionalmente, uma força diplomática, o único império das Américas que sobrevivia era reconhecido como uma grande democracia e potência sul-americana e regional. O Brasil crescia a cada ano, seu desenvolvimento era rápido como o trem, o que possivelmente ficou refletido no fato de ser um dos primeiros países a construir centenas de quilômetros de linhas ferroviárias naquele tempo; também foi um dos primeiros países a ter instalação de telefone, eletricidade, gás e demais tecnologias. D. Pedro II era respeitado por todos, brasileiros e estrangeiros, como um homem simples, honesto e ao mesmo tempo culto, amante das ciências, das artes e da educação.

O estopim para a explosão da bomba foi a abolição da escravidão. Sim, por incrível que pareça, não foram os republicanos responsáveis pela libertação dos escravos, e sim a liberdade deles um dos fatores que contribuiu para que oportunamente chegassem no poder. Quando a princesa Isabel assinou a abolição da escravatura, ainda que tenha feito justiça e libertado milhares de inocentes que sofriam, contudo, provocou a ira e a indignação de poderosos barões do café e da elite que se sentiram traídos pelo império. Muitos destes que não apoiavam o inexpressivo movimento republicano da época, o apoiaram depois da abolição, ajudando a impulsionar o golpe que ocorreria um pouco depois.

Os militares viram neste cenário o momento ideal para agir. Com a elite cafeeira a seu lado, e a crescente influência positivista e republicana no exército, era questão de tempo para executarem o golpe, que mudou definitivamente os rumos do país. D. Pedro II recebeu a carta do comunicado de seu exílio das mãos de um dos oficiais de Deodoro. O primeiro presidente do Brasil, que havia sido marechal e amigo do imperador, o traía covardemente, assim como os militares que nenhuma razão tinham para apoiar esta infâmia. D. Pedro II e sua família foram exilados para a França, país onde o Imperador que governou por 49 anos seu país veio a morrer dois anos depois, em 1.891, traído, injustiçado, porém recebendo as honras fúnebres devidas ao grande monarca que foi.

O Brasil experimentou sob o regime republicano a primeira ditadura militar da sua história. Os desajustes do novo governo culminaram em crise econômica, pressão para a renúncia do presidente, pequenos levantes e censura total a imprensa, que no período do Império gozou de total liberdade. Muitos opositores ao novos governo foram duramente perseguidos, presos, exilados ou mortos. Destruindo um país, seus anos de progresso e futuro brilhante, censurando a imprensa e perseguindo a oposição, assim se consolidou a ilegítima república brasileira, tomando definitivamente o lugar do legítimo império do Brasil.

Hoje a situação não é muita coisa melhor. O Brasil enfrenta uma de suas maiores crises econômicas, desemprego, corriqueiros escândalos de corrupção, violência alta, desigualdade social e até mesmo um crescente sentimento de anti-patriotismo natural da população. Podemos afirmar que a república no Brasil deu certo? Podemos dizer que este governo ilegítimo, golpista, que não contou com o apoio e participação popular, fez algo de bom para o país? Alguns republicanos chamam atenção para o fato que as taxas de analfabetismo eram muito altas durante o império. Porém, décadas após a república a situação não mudou em nada, ainda que haja muitos alfabetizados, muitos contudo não sabem sequer ler e interpretar um texto. Assim, citar os problemas do império e dizer que a república tinha que vir para corrigí-los, é uma grande piada! Todos estes problemas seriam resolvidos no reinado da princesa Isabel, que tinha planos e projetos para o futuro da nação. O Brasil simplesmente estava nos trilhos do sucesso, mas descarrilou tristemente, não o encontrando novamente até hoje.

Com tudo isso, não é de se estranhar o fato de que haja quem queira a volta da monarquia no Brasil. Esta data de hoje é perfeita para a reflexão dos contrastes do Brasil imperial com o republicano. Que o nosso povo possa entender o que de fato ocorreu naquele fatídico 15 de novembro de 1.889, o golpe de estado que virou feriado, e que lamentavelmente continua ecoando suas consequências até nossos dias. Ave glória, Ave Império!

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