terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

O silêncio, o ócio e a solidão

Poucas experiências são tão místicas quanto o silêncio e a solidão. Isto se deve ao fato de que o homem está acostumado a estar em constante atividade e em contínuo barulho, está sempre fazendo algo e perto de alguém. É raro ficar só, sem fazer nada. Quando isso acontece, é que ele percebe a diferença de estar cercado de gente e de estar sozinho, de falar e estar calado.

O silêncio e a solidão, assim como o ócio colocam o homem num estado de existência puro, livre de quaisquer ocupações/distrações, entretenimento. Sem ter o que fazer, só e em completo silêncio, o homem sente todo o seu ser, ele apenas existe - sem nenhum rótulo. Ele pode escutar melhor a voz dos seus próprios pensamentos, respirar, ser.

Somos naturalmente seres solitários que buscam fugir a todo custo da sua solidão. Nos misturamos na multidão, nos perdemos em meio aos grandes grupos, nos colocamos etiquetas/títulos e nomes. Mas quando o espetáculo acaba e a platéia vai embora, o que resta ao ator senão tirar a maquiagem? Olhar-se no espelho e ver-se outra vez...só, consigo mesmo.

Vivemos em uma constante fuga de nós mesmos, nos escondemos na rotina, nos evitamos a todo custo. Queremos nos inserir nas tribos populares para não termos que carregar o peso de nossa individualidade. Estamos seguros em meio a maioria, ainda que nos sintamos desconfortáveis nela.

Somente estas três coisas - o silêncio, o ócio e a solidão - nos fazem sentir o tempo, as horas, a existência. Quando não se faz nada nem se é alguma coisa, é que sentimos pura e totalmente existir, a vida fica suspensa e seu agente contempla a tudo admirado.

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