sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Encerramento


Mais um ano termina
sem sequer ter começado. 
Doze meses novamente correram, sem que eu algo veja mudado.

Ó vida, para quê serves tu, 
senão para seres vivida?
Comerá, pois o urubu, uma carniça antes que esteja podre, fedida? 
Igualmente, que farei eu quando morrer, meu derradeiro suspiro reter, se já morto há muito estava em vida?

Eis que em mim bate um coração, vive uma alma!
Há de sofrer então, sem razão,
em vão perder-se a calma?
Se, pois, tempo para levar ao pódio o cavalo têm o cavaleiro em ligeira cavalgada, 
como pode ficar tudo inerte, 
paralisado, estagnada?

Pois assim termina o meu ano, 
morto e sem sonhos!
Não mais me iludo com meros enganos, nesse mundo insano.
Que passem maios, janeiros, 
mas que não passe o meu desejo de um dia zombar de tudo isso, destes dramas debochar ufano!

E que nunca mais se encerre 
como encerro este ano!

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