domingo, 12 de dezembro de 2021

Arredio


Sozinho em uma casa sombria, 
solitária e fria,
ele mora.
Com medo de tudo, 
de todos receoso, ele vai,
lava suas mãos na pia, 
de noite em seu quarto ora.

Sem motivos para sorrir, 
ele graceja.
Sem razões para se alegrar ele gargalha, talvez de si, da tristeza pestaneja.

Rir da própria desgraça é melhor do que rir da alheia. 
Então ele ri, não é pior do que um mendigo na praça, têm pelo menos calçado e meia.

Sem razões para amar,
ele simplesmente não ama.
Não crê no humano ser, 
mas não maquina maldades
na sua cama.

Não bebe, não fuma, 
não se droga.
Não têm vícios, 
talvez o seu maior defeito seja
não dizer, mas demostrar,
que quase nada o empolga. 

Não têm amigos, 
não têm mulher, 
não têm emprego. 
Seus parentes não o amam,
a morte não o quer,
sua vida é um constate desapego. 

Sozinho ele vai, 
só ele prossegue.
Sua mente em mil tormentos cai, o medo é seu amigo, o fracasso o segue.

Na casa sombria, solitária e fria, 
seu universo é vivido.
Seria o seu mundo 
o oposto do que é pedido?

Soloquios e encostos lhe são comuns. Estes vivem com ele,
não são muitos, só alguns, 
o perseguem todo o dia, 
lhe fazem pecar 
na casa solitária e fria.

Ele não têm amigos, 
mulher ou emprego. 
Sua vida é vivida em constante desapego, assim todos os dias, 
na casa solitária de paredes frias. 

Ele já não ama, não tem porque amar. Então ele segue seu ideal, 
nada o pode parar.

Sem amigos, mulher ou parentes, senão seu umbigo, 
seus míseros dentes.  
Como é ruim partir
sem se despedir!

Não há emprego, 
compromissos a cancelar.
Abruptamente risca o isqueiro,
seu fim vai chegar!

Ele sabe que pode se arrepender, mas não há tempo a perder. Está resoluto, nada o vai deter.

Lentamente, o fogo vai se alastrando, a casa fria se aquecendo, seu corpo de dores
retorcendo, a casa escura se iluminando, paredes duras derretendo. 

Em chamas se vai
a casa sombria, solitária e fria
junto com o seu maldito senhor. 
O que se pode esperar 
quando morre
a necessária chama de amor?

Já não há mais casa,
apenas cinzas.
Porém, seres do mal brincam, 
matam sua fome, saciam-se com a alma do pobre homem.

A casa sombria cheira a enxofre. 
Demônios a brincar lá estão, num riso despaterno, a brincadeira acabou, enfim arrastaram mais um idiota pro inferno!

Sozinho em sua casa solitária, sombria e fria, ele morre.
Anjos do mal a ver sua ruína correm.
Sim, assim cai, este é o seu fim,
desgraçadamente ele morre. 

Esta é a história que eu ouvi um dia da casa sombria, 
solitária e fria!

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