Queria ter estado lá esse dia,
espiando entre as verdes moitas, ver o que aquelas duas almas, mentes e mãos afoitas
iriam fazer, o começo de tudo
que mais tarde viria.
Sem dúvida nenhuma
a rastejante foi quem armou,
mas sem a ajuda deles
não haveria tragédia alguma,
o barraco não desabaria
como desabou!
Lúcifer, terrível e manipulador, sem maiores problemas a mãe de todos os viventes, enganou.
Mas pudera, pois desejara em seu coração, em seu íntimo quisera, sonhar o pecado
de ser a criatura tão sábia quanto o criador,
e caiu no mesmo erro
daquele que das trevas é senhor.
Tal desejo, arrogante, prepotente, incitado pelo mal em forma de serpente, não podia terminar bem.
Sem saber o que faziam
do fruto proibido comiam,
a própria raça afundavam
num caos, sem precedente tal.
Tornou-se então o homem mortal, o diabo seu pai.
Aprendeu o ódio e a guerra.
É pó e volta à terra,
seu corpo aprodece,
e enterrado vai.
Que proveito houve, afinal,
provar da árvore do conhecimento do bem e do mal?
Herdar o inferno, viver com os demônios uma relação fraternal?
Tal fruto custou muito caro,
mas não é ele a causa de todo o mal.
É a serpente, mas não ela somente, e o homem com o seu desejo de ter o que não podia,
querer o que não lhe pertencia.
Como sorte, temos muitas dores, de brinde a morte,
vivendo uma vida curta,
um espetáculo de horrores.
Contudo, de tudo não perdemos
nossa dignidade e glória,
temos a santa cruz,
o bendito salvador Jesus!
Se os dois primeiros humanos
culpados ou inocentes são,
não compete à minha memória,
seja como for, são os nossos pais (carrascos ou benfeitores)
os donos da história!
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