quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Bílis negra

Entre as brumas e pétalas de flores invernais, 
recordo-me das sumas lágrimas que derramei
nas solitárias noites outonais.

Só, me debrucei, lamentando pesares 
que hoje não sei.
Meus penares secretos 
segredos não são, 
mas eu nunca os contei.

Cercam-me borboletas e insetos, 
num teatro de facetas surreais.
Sonham os seres nos muros das paredes marginais.

Sou a parte de um todo,
de um todo desigual.
Nesse desigual sou tudo,
um agitador mudo,
um sonho de carnaval.

Noite, acalma minha alma!
Disfarça minha tristeza,
em seu negror traze-me a calma!
Meu peito grita de pavor,
meu corpo se retrai.

Quero ser uma estrela fixa nesse céu, ocultar-me na noite que nunca trai...

Um cavalo corcel é o coração humano, 
fonte de emoção, riso, dor e dano...

No turbilhão dos ventos quero me encontrar, 
talvez nele esteja a paixão (ânsia de viver)
que pelos ares um dia vi voar!