sábado, 16 de abril de 2022

Queixumes


Desconheço pior condição para se existir do que a humana. Como as pessoas conseguem gostar de viver? Ou, como são capazes de suportar a vida tão fácilmente? Realmente, me impressiono com isso. O mundo é louco, as pessoas são loucas, a humanidade é louca! 

As condições da vida são ruins e não podemos mudá-las. Aceitá-las e adequar-se à elas é a única coisa que nos cabe fazer. Resignação, conformismo! Não há outra opção. O despropósito rege tudo o que se faz. O reino da falta de sentido, do imprevisto, da dor, do sofrimento e do caos! 

O tempo que sempre passa e nos escapa. O presente que se torna passado, os acontecimentos, lembranças. As dores que nos perturbam, os problemas que nos assolam, as preocupações que nos angustiam, a morte a nos espreitar. O corpo sofrendo com a ação do tempo, o desgaste natural do envelhecimento. Um sem fim de desejos irrealizados, de sonhos frustrados, metas canceladas, coisas que ficaram pelo caminho. E assim vamos, varrendo a sujeira pra debaixo do tapete, esperando dias melhores que nunca vem, renovando a esperança contra todas as evidências possíveis, negando o óbvio. A vida não é possível sem uma grande dose de ilusão!

O costume é o que nos impede de enlouquecer: escravos da rotina, servos fiéis dela, nos protegemos nela. Nos sentimos livres e não percebemos nossas correntes. Todo homem que nasce recebe um nome, um corpo e uma lista de tarefas para cumprir. Vive como pode, não como quer. Faz malabarismos com os recursos que possui, luta para sobreviver, está em uma guerra perdida contra o tempo, a velhice e a morte. É frágil e limitado, por mais que se sinta um deus. 

A vida é uma maldição, uma irracionalidade, uma brincadeira nada divertida. É incrível como quase ninguém perceba isso. Só quem vê a vida de cabeça pra baixo, a vê como ela realmente é.

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