domingo, 19 de maio de 2024

Anoitecer

Entardece. As poucas nuvens se dissipam, 
no céu do azul dourado.
Choram, em tom de prece, um rogo surdo e implorado.

Por um instante, vai-se o sol distante, cumprida a sua jornada. 
Breve vem a noite, 
e a lua de encantos adornada. 

Repousa no vale longínquo os sonhos de uma geração apaixonada. 
Dorme, aspira, suspira, inspira.

Vem, ó noite com o teu furor! 
Ó trevas, chega embalada. 
Pois já foi o dia, e o
homem que não é nada...

Repousam no ar os murmúrios, arrepios 
da guerra desvairada.
Seres errantes, banidos, 
expulsos da pátria amada.

Se vai a luz do dia, 
neste momento de agonia.
Já reluz a lua, 
na noite sombria. 

É então que uma voz surda, morta diz:
"Repousai ó sol de vosso trabalho, chegai ó lua,
iluminai-nos!"

Pois já dormem os heróis, os fortes repousam no malho,
e cá estamos nós novamente, sempre 
e sempre, eternamente...

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