domingo, 5 de abril de 2020

A ampulheta

Oh, se eu pudesse descrever o tédio profundo que habita em minh'alma!
Palavras para tal não teria,
que grande dificuldade haveria,
perderia até mesmo a calma!

Oh, mas porque transcorrem assim os dias, tão rápidos, ligeiros,
pra que em mim pesem agonias,
fardos e espinhos certeiros?
Transcorrendo-se vão,
tal como a areia de uma ampulheta
na mão de um prisioneiro,
a ver correr assim tão rápido
seu pouco tempo em vão!

Nesta terrena e breve existência
cada grão de areia conta.
Mas para impedir que ela passe
sem proveito, não existe pra isso ciência,
mesmo que pesquisem em todo lugar,
se esquadrinhem livros de ponta à ponta!

É inútil pensar no tempo perdido!
Passado foi, não volta mais.
Mas o tempo futuro, o dia que ainda não chegou,
pode-se mudar o que ainda não veio,
basta lutar e ser capaz!

Só o supremo autor da vida
é que sabe quanto da areia
ainda falta pra escorrer.
É ele quem pode nos ajudar
a melhor proveito dessa corrida obter!

Não sei quanto tempo da minha areia escorreu.
Se muito ou pouco, nunca saberei.
Mas que importa, se pouco ou nada
já pereceu?
Saber em nada me daria alento.
Pois eu sei que pra essa ampulheta não há recursos, afinal,
a vida é corrida contra o tempo!

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