sábado, 4 de abril de 2020

Esboço

Essa dor que não me mata,
mas corrói, que tortura sem cessar,
voraz e constantemente, indescritível é,
descrevê-la até posso tentar,
mas de conseguir não ponho fé.

Luto eterno pela morte de ninguém,
auto-piedade, sarcasmo e desdém,
loucura sã, de quem nada melhor a fazer tem, senão reclamar do que não conseguiu,
e o que conseguiu também.

Dor que dilacera a alma,
sem fazer sentir-se, ou abalar a calma.
Horror do qual não se ouve grito,
melancolia, cujo maior terror, sem máximas,
é não ter para se verter poçosas lágrimas,
quisera eu poder dizer, eu minto, ou pior, omito!

Fisgada terrível, a sangrar o ensandecido ser.
Contudo, sem notar um pouco de bem fazer.
Esta é a dor que sinto, eis que a pinto,
sem menos nem mais
de meu íntimo, a fazer em meu pobre recinto.
Dores tais, a sofrer passaram muitos, pressinto,
e aqui findo,
crendo em ti Senhor,
sabes que teu amor me é bem-vindo!

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