sábado, 4 de abril de 2020

Sucessão

É a sucessão dos dias, meu maior sofrimento.
O virar formal das semanas,
no calendário habitual,
tão repetitivo e normal,
meu triste maior tormento.

Por que sofrer com aquilo
que alegrar a qualquer um deveria?
Talvez, sem razões ou porquês,
das circunstâncias se vê a mercê,
da sorte uma vítima,
quem nunca assim se sentiu um dia, ou falar pode, que se não,
jamais ficará, sentir-se ou sentiria?

Esse estado, oscilante do mal ao desgraçado, consome as forças lentamente.
E o mesmo assim segue, débil prossegue,
com o corpo lasso e o espírito prostrado!

Adiante, vamos amigos!
O mundo não pára,
e parar irá jamais.
Do espeto cai-se à brasa,
o osso escapa ao cão
e dorme com os chacais.

Um dia é da caça, outro caçador,
às vezes se é mais caça,
mais presa que predador.
Sem problemas, a esperança verde
suporta todo esse terror.

Há pra cada crime fiança,
pros pecados, perdão.
Todo final têm seu começo,
as crianças, adultos serão.
Toda dor têm seu fim,
na estação certa floresce o jardim.

Por que então temer os dias,
se todo ano têm o seu fim?
Como não querer os dias,
se estes mesmos dias,
consomem a mim?

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