segunda-feira, 6 de abril de 2020

A Liberdade

De que me vale a juventude
e a tenra idade
se me foge a paz e me domina a inquietude,
meu espírito não conhece felicidade?

De que me servem os sonhos
se não se podem concretizar tão simplórios anseios?
Para quê me ponho a pensar
se sei que a sorte é má
e dia após dia perecem os devaneios?

Oh! Vós sabeis que sofro
e com meu olhar vos peço socorro!
Sois testemunhas deste padecimento, não me julgueis,
sou vítima deste sentimento,
não penseis que me comprazo,
ou não vistes que por esta razão definho, por isso morro?

Ah! Alma atormentada!
Da vida infeliz,
estrela errante e assaz amargurada!
Escuta o que o teu coração diz;
Busca o teu alívio,
sai deste suplício,
que sem razão estás aprisionada.

És livre, volta pro teu lar.
Não pertences a este mundo,
tão cruel, negro e profundo,
tu és cometa, és astro, podes voar.

Ah! Não penseis que sou cruel!
Não façais de mim juízo errôneo.
Se a mim coube tanto sofrer
e amargo fel,
como podeis culpar a pobre criatura que não teve similar, não conheceu idôneo?

Ah! A liberdade pode estar
mais perto do que se imagina.
Basta cruzar a fronteira,
pular o muro, rasgar a cortina.
O que se atrever a atravessar,
verá a luz no fim do túnel,
a forte claridade que põe fim à cegueira.

Oh! Não choreis! Não lamenteis!
Nem todos os becos têm saída,
nem tudo é belo, nem todos são fortes.
Se isto sabeis, como podeis condenar com maldição 
àquele que não teve opção
que tão somente
encontrou na morte a solução pra vida?

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