segunda-feira, 6 de abril de 2020

Bala

Bala, que atravessa o peito,
fura a boca,
rasga a língua,
quebra os dentes.
Vaga à míngua,
com sons estridentes,
acha no corpo o seu leito.

Recarregada ou única,
certeira, errada, perdida.
Aprendeu a voar crua,
só em seu caminho,
trazendo pra muitos
sentença de morte ou vida.

Não ama nem odeia,
o corpo humano é sua cama,
seu leite é qualquer veia.
Como tudo deixa rastro,
poças de sangue incendeia.
Sua missão é maldita,
pro atirador bendita.

Arrasta pro caixão,
IML ou mesmo vala.
Ligeira, insana,
odiada, profana,
simplesmente bala.

Nenhum comentário:

Postar um comentário